Amorim diz que Brasil está decepcionado com demora das atas na Venezuela

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Celso Amorim, assessor internacional do presidente Lula (PT), disse que o Brasil, assim como outros países, está decepcionado com a demora do CNE (Comitê Nacional Eleitoral) da Venezuela para divulgar as atas da contestada eleição realizada no último domingo (28).

Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, exibida na noite desta quinta-feira (1º) na RedeTV!, ele também defendeu uma postura cautelosa do Brasil em relação ao assunto. “A oposição coloca dúvidas, mas não consegue provar o contrário”, disse sobre a suposta eleição de Nicolás Maduro.

Horas antes da exibição da entrevista, os Estados Unidos reconheceram a vitória do opositor Edmundo González Urrutia.

“Parabenizamos Edmundo González Urrutia por sua campanha bem-sucedida. Agora é o momento para os partidos venezuelanos iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica de acordo com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano”, afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em nota divulgada na noite de quinta.

Amorim afirmou que a possibilidade de isolamento da Venezuela preocupa o Brasil, assim como a hipótese de perseguição aos chavistas caso a oposição chegue ao poder.

O embaixador se encontrou com Maduro em Caracas, na segunda-feira (29) e pediu que o CNE publique as atas de votação, um rito eleitoral local. O órgão, controlado pelo chavismo, supervisiona as eleições na Venezuela.

Maduro respondeu que divulgaria as atas em um prazo de dois a três dias, o que não aconteceu.

Amorim admite que é preciso reconhecer a posição do Centro Carter, o mais importante observador eleitoral independente no pleito da Venezuela. Na quarta-feira, o órgão afirmou que o processo eleitoral no país não pode ser considerado democrático.

“Não é um órgão manipulado”, disse o assessor de Lula, citando situações complexas em que o Centro Carter atuou com neutralidade.

Na opinião dele, a eleição venezuela deveria ter ocorrido com mais preparo. Ele criticou a União Europeia, que iria enviar observadores eleitorais, mas manteve sanções econômicas contra a Venezuela e teve o convite cancelado para acompanhar o pleito. Para o embaixador, isso limitou a observação eleitoral.

Amorim falou também sobre as eleições americanas. Ele afirmou que a vice-presidente Kamala Harris vai precisar do apoio de Joe Biden para conquistar os eleitores sindicalistas, simpáticos ao presidente.

Apesar de considerá-la uma candidata “atraente” a uma parte dos eleitores americanos por ser negra, de origem asiática e uma intelectual, o embaixador acredita que a disputa com Donald Trump será dura.

CRISTINA CAMARGO / Folhapress

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