Analfabetismo de indígenas é o dobro do registrado na população geral, aponta Censo do IBGE

SÃO PAULO, SP E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A taxa de alfabetização de pessoas indígenas avançou no Brasil de 2010 a 2022, mas ainda segue significativamente atrasada em relação aos índices registrados na população geral do país, mostram dados do Censo 2022 do IBGE divulgados nesta sexta-feira (4).

Taxa de alfabetização representa o percentual de pessoas na população com 15 anos ou mais de idade que sabem ler e escrever pelo menos um bilhete simples, no idioma que conhecem. Pessoas dessa mesma faixa etária sem essas capacidades de leitura e escrita compõem a taxa de analfabetismo.

O comparativo entre as pesquisas mostra evolução de 90,38% para 93% da população geral alfabetizada. Quando considerada apenas a população indígena, esse índice avançou de 76,6% para 84,95% no intervalo de 12 anos.

O aumento de oito pontos percentuais na alfabetização de indígenas, contra um ganho inferior a três pontos na população geral, mostra relativo sucesso nas políticas educacionais voltadas a esse público. Mas o patamar de partida entre população geral e indígena ainda é muito desigual.

Se considerada a taxa de analfabetismo de 15,05% da população indígena, ela representa mais do que o dobro dos 7% observados no total da população do país em 2022.

Diferença que reflete o desafio representado pela desigualdade histórica em relação à garantia de direitos básicos aos povos originários, segundo a pesquisadora Marta Antunes, responsável pelo projeto técnico de povos e comunidades tradicionais do IBGE.

Quando considerada a população residente dentro de terras indígenas, a taxa de analfabetismo registrada no Censo 2022 é ainda maior, de 20,8%. O número, porém, representa queda de 11,5 pontos percentuais em relação ao índice de 32,3% apontado em 2010.

Para chegar aos resultados apresentados nesta sexta-feira, o IBGE entrevistou 1.694.836 pessoas indígenas em 4.833 municípios com incidência dessa população.

Em 2.081 municípios (52,91%) houve melhorias nas taxas de alfabetização desse público, mas em 999 cidades (21,15%) o índice de indígenas alfabetizados ficou abaixo da população geral residente em mais de 10 pontos percentuais.

Para contar a população indígena, o Censo fez a seguinte pergunta no território brasileiro: “a sua cor ou raça é?”. As opções de resposta eram branca, preta, amarela, parda ou indígena.

Se uma pessoa estivesse dentro de uma localidade indígena (terra, agrupamento ou outro endereço) e não se declarasse indígena no quesito cor ou raça, o recenseador abria uma segunda questão: “você se considera indígena?”.

Os dados divulgados nesta sexta focam na população indígena total, ou seja, que foi contada das duas formas (cor ou raça e pertencimento).

Uma divulgação anterior do Censo 2022 já havia mostrado características dos domicílios desses habitantes na área de saneamento.

Na ocasião, os dados ficaram mais centrados na população indígena declarada em cor ou raça. Há, porém, semelhanças com os resultados apresentados nesta sexta.

CLAYTON CASTELANI E LEONARDO VIECELI / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS