SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Diversos animais morreram trancados em um petshop no centro de Porto Alegre após o estabelecimento ficar alagado durante as enchentes que atingem a capital e outras cidades do Rio Grande do Sul.
Caso veio à tona na quarta-feira (15) depois que voluntários compartilharam o vídeo do momento da ação nas redes sociais. Taís Pereira, da Feira Vegana de Porto Alegre, disse que eles foram até o local após receberem uma denúncia de uma seguidora, que afirmou que a loja estava fechada desde o último dia 9.
Ela conta que chegou ao petshop com a ajuda da ONG Princípio Animal, que cedeu barcos para verificarem a denúncia. Chegando lá, Taís diz que eles bateram na porta, tentaram contato com os proprietários, mas não funcionou. Então, arrombaram o petshop pelo telhado.
Um dos vídeos compartilhados na página da feira mostra o momento logo após eles abrirem a porta. “A água deve estar a 1,50 m de altura, tem hamster, chinchila e peixes vivos. Todos eles foram abandonados, não prestaram nenhum socorro a esses animais”, diz Taís. Ela ressalta que os peixes encontrados mortos em meio à água suja eram “ornamentais”, expostos em aquários.
É possível ver nas imagens diversos sacos de ração boiando na água, enquanto os voluntários tentavam salvar os animais. Segundo a voluntária, algumas gaiolas foram encontradas com aves mortas e vivas dividindo o espaço. Os animais também não tinham comida ou água disponíveis.
ANIMAIS RESGATADOS
Apesar dos mortos, ela afirma que conseguiram salvar outros 17 roedores e 37 aves. “Fomos até o local com muita esperança para que a denúncia fosse falsa. Quando nos deparamos com a cena dos animais boiando mortos foi bastante chocante. É muito difícil ver tudo isso, o descaso com a vida dos animais, e ver que esses animais são tratados apenas como produto”, disse Taís à reportagem em entrevista nesta sexta-feira (17).
Peixes que sobreviveram ao alagamento foram deixados no petshop por causa do peso dos aquários. Porém, os voluntários voltaram ao local na quinta-feira (16), e foram recebidos por um dos proprietários. “Ele reclamou que não tinha tirado os animais porque não tinha condições, não tinha para onde levar os peixes. Oferecemos ajuda, mas ele negou, disse que não podia aceitar” afirmou a voluntária.
ONG Princípio Animal registrou boletim de ocorrência contra o petshop. Eles também pretendem acionar a Justiça contra o estabelecimento.
OUTRO LADO
Taís diz que os animais receberam atendimento veterinário. A chinchila está bem, mas os pássaros estão em estado “deplorável”, segundo a voluntária. A ideia é que, após a recuperação, eles sejam encaminhados para adoção.
Voluntária afirma que tentou contato com órgãos públicos, como agentes da Brigada Militar e dos bombeiros que estavam passando pelo local, mas não conseguiram ajuda. Após arrombarem o petshop, um dos agentes da brigada teria ajudado nos resgates.
Procurada pela reportagem, a prefeitura de Porto Alegre disse que não houve denúncia registrada sobre o petshop no 156, Central de Atendimento ao Cidadão. “Diretoria de Fiscalização não têm autonomia para abrir um imóvel privado que está fechado. Só há vistoria em espaços que estão abertos, ou quando há uma denúncia registrada por meio do 156”.
Governo do RS afirmou que também é necessário haver denúncia, que pode ser registrada na Polícia Civil.
A reportagem também tentou contato com o petshop Bicharada. Se houver resposta, o texto será atualizado.
PEDRO VILAS BOAS / Folhapress