CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Rompendo as expectativas da crítica, Greta Gerwig e seu júri escolheram premiar “Anora”, de Sean Baker, com a Palma de Ouro deste Festival de Cannes.
O filme foi dos mais bem recebidos desta 77ª edição, mas muitos acreditavam que Mohammad Rasoulof venceria, após uma fuga cinematográfica de seu Irã natal, onde é perseguido político, para estar na França.
Em seu discurso, Baker defendeu as salas e a experiência coletiva de ir ao cinema. “O mundo precisa ser lembrado que ver um filme em casa, mexendo no celular e não prestando atenção, não é o jeito certo, como algumas gigantes de tecnologia nos fazem pensar”, afirmou, antes de dedicar a Palma aos trabalhadores do sexo, como a protagonista de seu filme.
O grande prêmio foi para “All We Imagine as Light”, de Payal Kapadia, enquanto o prêmio do júri foi para “Emilia Pérez”, do francês Jacques Audiard. “The Seed of the Sacred Fig”, de Rasoulof, recebeu um prêmio especial.
O júri ainda decidiu entregar o prêmio de roteiro a “The Substance”, da francesa Coralie Fargeat, e o de direção ao português Miguel Gomes, por “Grand Tour”.
Selena Gomez, Zoe Saldana, Adriana Paz e Karla Sofía Gascón foram eleitas, em conjunto, melhores atrizes, pelo trabalho em “Emilia Pérez”, fazendo desta última a primeira mulher trans a triunfar na categoria. Já melhor ator ficou com Jesse Plemons, por “Tipos de Gentileza”.
Gerwig serviu como presidente do júri, composto ainda pelos atores franceses Omar Sy e Eva Green, a atriz americana Lily Gladstone, o ator italiano Pierfrancesco Favino, a roteirista turca Ebru Ceylan, o cineasta japonês Hirokazu Kore-eda, a cineasta libanesa Nadine Labaki e o cineasta espanhol Juan Antonio Bayona.
Lubna Azabal, presidente do júri de curas-metragens, pediu ainda um cessar fogo imediato em Gaza, antes de entregar a Palma de Ouro do formato a “The Man Who Could Not Remain Silent” e uma menção especial a “Bad for a Moment”. A Câmera de Ouro, por sua vez, foi para “Armand”, enquanto seu júri destinou uma menção especial a “Mongrel”.
A cerimônia ainda teve a entrega da Palma de Ouro honorária a George Lucas, criador das franquias “Indiana Jones” e “Star Wars”, pelas mãos de seu amigo Francis Ford Coppola, que estava na competição com “Megalopolis”.
A saga intergaláctica inspirou a abertura da festa, com um letreiro como os de “Star Wars” sendo projetado no Grande Teatro Lumière, narrando a jornada dos “cavaleiros jedi Thierry Frèmaux e Iris Konobloch”, diretor e presente do Festival de Cannes.
O longa “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, e o curta “Amarela”, de André Hayato Saito, ficaram de mãos vazias. O Brasil não ganha a Palma de Ouro de longa-metragem há 62 anos, quando “O Pagador de Promessas” foi laureado, enquanto a de curtas continua sendo um prêmio inédito para os brasileiros.
O país recebeu um prêmio paralelo na Semana da Crítica, em que “Baby”, de Marcelo Caetano, levou o prêmio de ator revelação, pelo trabalho de Ricardo Teodoro.
LEONARDO SANCHEZ / Folhapress