SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou na última sexta-feira (8) a implementação de uma IA (inteligência artificial) para a análise de dados sobre impurezas em medicamentos. O objetivo da ferramenta é otimizar o trabalho da agência.
Todos os novos medicamentos que pretendem se lançar no mercado farmacêutico precisam passar por testes, que são encaminhados para a Anvisa para análise de dados e aprovação. Nesses testes, é verificada a presença, quantidade e identificação de impurezas que podem comprometer a qualidade e segurança do fármaco.
Nesse sentido, a IA foi desenvolvida pela Anvisa para facilitar o trabalho humano, identificando mais rapidamente a presença dessas impurezas, geralmente partículas estranhas que não são os ingredientes das substâncias.
A tecnologia, no entanto, servirá apenas para a análise de medicamentos sintéticos, aqueles produzidos por meio da manipulação química de substâncias em laboratório, não se aplicando a remédios biológicos, produzidos a partir de células vivas.
“O início do código se deu em junho, depois houve uma fase de testes, e agora começa a aplicação”, diz Raphael Sanches, gerente geral substituto de medicamentos da Anvisa.
Ele explica que há impurezas que se repetem em diferentes composições, e que o uso da IA facilitará o trabalho de encontrar esses padrões. A tecnologia também contribuirá para uma melhor organização e sistematização das informações, diz ele.
“A inteligência artificial busca principalmente impurezas já encontradas antes em análises anteriores. Assim, o trabalho feito por um profissional se torna mais fácil, mais otimizado, e se evita retrabalho”, afirma ele. “Necessariamente continua havendo um profissional com o mesmo nível de instrução fazendo essas análises”, acrescenta.
A agência recebe um grande volume de medicamentos para análise. No ano passado, a média foi de 1.000 pedidos de registro de novas drogas.
Para que o registro de um novo fármaco seja homologado, existem várias fases de testes a que precisa ser submetido.
Quando a quantidade de impurezas encontradas nos produtos são superiores aos limites estabelecidos pela norma (RDC 53/2015), é preciso que passem pela etapa de qualificação de impurezas.
A IA está inserida na análise dos dados gerados por essa fase de testes desenvolvidos pela farmacêutica. No ano passado, em média 300 medicamentos passaram pela etapa.
Esse processo é importante para que a segurança dos remédios seja garantida. Caso as análises não sejam compatíveis com o que é permitido, o pedido de registro não é homologado.
MILENA FÉLIX / Folhapress