SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mais de sete décadas depois de ter inaugurado um pequeno açougue em Anápolis (GO), a cerca de 50 km de Goiânia, José Batista Sobrinho, 91, conhecido como “Zé Mineiro”, foi aos Estados Unidos para marcar a estreia da empresa na maior bolsa de valores do mundo, a Nyse (New York Stock Exchange).
Nesta quarta-feira (25), a JBS, dona de marcas como Swift, Friboi e Seara, realizou a tradicional cerimônia do toque do sino de abertura do pregão, em comemoração à chegada do grupo à Bolsa de Nova York, realizada no último dia 13. A companhia segue listada na brasileira B3 por meio de BDRs (Brazilian Depositary Receipts, que são recibos que acompanham o valor das ações).
Zé Mineiro estava ao lado da mulher, Flora, dos filhos Joesley, Wesley e Júnior, do neto Wesley Júnior, do presidente da companhia, Gilberto Tomazoni, e do presidente do conselho da JBS, Jerry O’Callaghan.
Com a listagem em Nova York, o frigorífico visa aumentar a captação de capital, acessando a maior Bolsa de Valores do mundo. Além disso, os EUA são um importante mercado para a empresa.
A família Batista tentava há mais de uma década listar as ações da empresa em Nova York, mas enfrentou vários contratempos, incluindo o escândalo de Lava Jato.
Em 2016, o plano também enfrentou oposição do braço de investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o maior acionista fora da família. Em março, o banco estatal, que vem reduzindo sua participação na companhia, concordou em se abster na votação da listagem dupla.
O plano de listagem dos EUA também enfrentou críticas de políticos e grupos ambientalistas, que levantaram preocupações sobre corrupção, concentração de mercado e riscos ambientais. Questionada se considera que os episódios já foram superados perante investidores e opinião pública, a JBS não respondeu até o fechamento deste texto.
Natural de Carmo do Rio Claro (MG), Zé Mineiro fundou a Casa de Carnes Mineira em 1953. A construção de Brasília na segunda metade dos anos 1950 alavancou os negócios do comerciante, que passou a fornecer carnes para grandes construtoras e empreiteiras que erguiam a capital federal.
Foi quando começou a ser chamado pelo nome de batismo, cujas iniciais mais tarde iriam formar a sigla da maior produtora mundial de proteína animal, responsável por um faturamento de R$ 417 bilhões, com lucro líquido de R$ 9,6 bilhões no ano passado.
“Acreditamos que essa operação vai aumentar nossa visibilidade no cenário internacional, atrair novos investidores e fortalecer ainda mais nossa posição como líder global de alimentos”, disse em nota o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, quando a dupla listagem foi aprovada pela SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) no final de abril.
Nos últimos cinco anos, as ações da companhia registraram valorização de 86%. Só este ano, os ganhos foram de 19,2%.
DANIELE MADUREIRA / Folhapress
