Apagão deixa bairros de São Paulo sem energia nesta segunda

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um apagão na manhã desta segunda-feira (18) deixa bairros de São Paulo sem fornecimento de energia elétrica. Santa Cecília, Higienópolis e Vila Buarque são algumas das localidades afetadas.

O Hospital Central da Santa Casa ficou sem energia e teve de remarcar procedimentos e exames. A unidade está sendo alimentado por geradores nas áreas de internação e emergências.

Questionada, a Enel, concessionária de energia, respondeu que uma ocorrência na rede subterrânea que atende a região de Higienópolis provocou interrupção no fornecimento de energia no local. Equipes da distribuidora trabalham para identificar a causa e realizar os reparos.

“A Enel acrescenta que está mobilizando geradores para abastecer um hospital e outros clientes prioritários da região”, afirma. Moradores que acionaram a empresa dizem ter recebido a informação de que o serviço seria normalizado entre 22h e 23h.

A reportagem percorreu as ruas Martim Francisco e Canuto do Val, onde lojas e restaurantes funcionavam às escuras. Nessas vias, assim como nas ruas das Palmeiras e Frederico Abranches, os semáforos estavam apagados.

Diversos moradores usaram as redes sociais para reclamar da situação. “Sem luz no bairro Santa Cecília em São Paulo”, escreveu Claudia Costa.

“Centro de São Paulo sem luz! Consolação, Augusta, Vila Buarque, Higienópolis e adjacências”, afirmou Douglas Santos.

Usuários também afirmam que falta eletricidade na rua Augusta, na Consolação e em outras ao redor.

O apagão ocorre em meio a ondas de calor, com temperaturas acima de 34° C, o que deixa a população ainda mais irritada, pela impossibilidade de se refrescar ou mesmo de trabalhar de casa.

A arquiteta e estudante Anna Luisa Costa mora na rua Martim Francisco, na Vila Buarque, e conta que a energia caiu por volta das 10h30.

“Não teve barulho nem nada, só caiu e pronto”, diz.

“Hoje, trabalho de casa quatro vezes por semana e meu computador já descarregou. Fiquei apenas com o celular, que não dá conta de atender o que eu preciso fazer. É perder a manhã inteira de trabalho que eu tinha planejado”, reclama.

Ela conta que procurou amigos que moram perto para tentar trabalhar, mas todos estão sem energia e, em consequência, sem internet.

“Também vêm as preocupações com geladeira. Se demorar muito vão estragar as coisas. Também preocupa como ficaram os eletrodomésticos que estavam ligados na tomada”, reforça.

Transtorno que aparece como o segundo mais recorrente na percepção dos moradores de São Paulo, as quedas de energia têm como principal culpada a distribuidora de energia Enel, segundo 62% das pessoas ouvidas na pesquisa Datafolha sobre problemas e prioridades da cidade, conforme publicado pela Folha neste domingo (17).

A empresa detentora da concessão pública para levar eletricidade às residências e empresas paulistanas não é, porém, a única instituição sobre a qual recai a responsabilidade pelos apagões ocorridos nos últimos 12 meses. A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) é apontada como a maior responsável pelo problema por 18% dos entrevistados.

O Datafolha entrevistou 1.090 moradores com 16 anos ou mais em todas as regiões da cidade nos dias 7 e 8 de março. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%.

A cidade de São Paulo enfrenta uma série de apagões desde o final do ano passado, sendo o mais grave registrado no início de novembro. Alguns bairros ficaram mais de 110 horas sem abastecimento após uma tempestade com ventos acima de 100 km/h ter derrubado dezenas de árvores sobre cabos de energia.

A empresa, em nota, diz também que tem trabalhado em melhorias. “Muitas iniciativas já estão em curso, como a modernização da estrutura da rede, a digitalização do sistema, o aperfeiçoamento e a diversificação dos canais de comunicação com os clientes, além da elevação dos graus de criticidade no planos de contingência e a mobilização de mais equipes em campo.”

Em nota, a Prefeitura de São Paulo diz que “questiona a qualidade dos serviços prestados pela concessionária responsável desde que as quedas de energia se tornaram comuns na cidade”.

“Além de abrir negociações diretamente com a empresa e solicitar uma manifestação a respeito dos seguidos transtornos e prejuízos causados aos paulistanos, em janeiro deste ano a gestão abriu uma ação no Tribunal de Contas da União solicitando mais rigor na fiscalização federal sobre a concessionária e imediata rescisão contratual da cidade de São Paulo com a Enel, em função das sucessivas e graves falhas registradas”, lembra a gestão Nunes.

FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress

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