BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) – O deputado federal Guilherme Boulos, candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, classificou como “lamentável” a fala do líder da Venezuela, Nicolás Maduro, sobre as urnas eletrônicas no Brasil.
Apoiador histórico do ditador da Venezuela, Boulos também disse que a declaração demonstra “desconhecimento”. “Lamentável isso, né? Demonstra o desconhecimento dele sobre o sistema eleitoral brasileiro”, afirmou após participar de reunião com a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia.
Boulos se encontrou com Cármen Lúcia para tratar de eleições. Ele pediu maior atenção e celeridade da Justiça Eleitoral no combate às fake news. Segundo o candidato, o volume de mentiras e ataques na época de pré-campanha tem surpreendido, por isso ele pediu o encontro. TSE deve apresentar em agosto um repositório de decisões que servirá como referência para os tribunais de todo o país lidarem com casos de fake news de forma mais ágil.
Maduro criticou urnas no Brasil. Também disse que a Venezuela tem o melhor sistema eleitoral do mundo, com 16 auditorias e uma auditoria em tempo real de 54% das urnas. “Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é auditável? No Brasil? Não auditam nenhuma ata. Na Colômbia? Não auditam nenhuma ata”, disse.
Antes havia falado em “banho de sangue” e “chá de camomila”. “Que tome um chá de camomila”, afirmou na terça-feira (23), um dia depois do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, expressar preocupação com as advertências do venezuelano sobre um “banho de sangue” se a oposição vencer as eleições presidenciais de domingo.”Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila. Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita.”
O TSE rebateu as falas. Disse que o boletim de urna é “totalmente auditável”.
Eleições são no domingo. Maduro busca seu terceiro mandato em meio a questionamentos sobre a lisura do processo.
Boulos apresentou à ministra relatório de supostos casos de fake news. Candidato não apresentou os detalhes dos casos à imprensa, mas confirmou que a maior parte deles já está judicializado no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo). Ele também disse que não tratou de casos específicos, mas que queria apenas mostrar à ministra a preocupação dele e de sua campanha com o aumento das fake news antes mesmo do período oficial de campanha.
As campanhas eleitorais começam oficialmente no dia 16 de agosto. A partir dessa data todos os candidatos precisam seguir pode ir às ruas pedir votos e divulgar seus materiais oficiais de campanha, se apresentando como candidatos.
MATEUS COUTINHO / Folhapress