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Após cem dias, americanos desaprovam Trump em seu ponto mais forte: a economia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao completar cem dias de mandato nesta terça-feira (28), Donald Trump tem pior avaliação no tema que teve o maior peso para a sua eleição: a economia.

Em menos de quatro meses, o percentual de americanos que diziam confiar no republicano para gerir a área caiu de 65% para 52%. Os dados são de pesquisas CNN/SSRS realizadas entre 5 e 8 de dezembro, e 17 e 24 de abril. O levantamento mais recente foi divulgado no domingo (27).

A queda de 13 pontos percentuais foi a maior dos seis temas pesquisados em dezembro e abril, entre eles imigração (queda de 7 pp.) e política externa (queda de 5 pp.).

Na outra ponta, o grupo que diz não ter confiança nenhuma no atual presidente para lidar com a economia subiu de 35% para 48%.

Para além da confiança, a pesquisa questionou como os entrevistados avaliavam a atuação de Trump no tema. Em resposta, 61% disseram desaprovar o desempenho do presidente –maior percentual observado em toda a série histórica, iniciada em janeiro de 2017, quando ele assumiu a Casa Branca pela primeira vez. Em seus quatro anos anteriores no posto, a desaprovação nesse quesito nunca havia ultrapassado os 50%.

O crescente sentimento negativo reflete em grande medida o cenário de turbulência gerado pela elevação generalizada de tarifas de importação anunciada pelo republicano no início de abril.

Segundo pesquisa Gallup divulgada nesta segunda (28), 66% dos americanos acham que é muito provável que passem a pagar mais por suas compras em decorrência das novas taxas. Ao mesmo tempo, apenas 25% acham que a política resultará em mais empregos na indústria –objetivo declarado pelo presidente.

De modo geral, 70% dos americanos dizem acreditar que as tarifas vão custar mais dinheiro aos EUA do que conseguirão trazer de outros países no curto prazo. No longo, o pessimismo é um pouco menor, mas segue majoritário (62%).

Os dados são um alerta para um presidente cujo ponto forte na visão de eleitores era justamente a economia. Insatisfeitos com a disparada de preços durante o governo Joe Biden, Trump foi favorecido por uma lembrança de que os tempos teriam sido melhores durante o seu mandato.

A maioria dos eleitores (52%) disse que o tema era o mais pesaria para sua escolha, o percentual mais alto de uma lista de 22 assuntos questionados pela Gallup a pouco mais de um mês do pleito.

Nesse tema prioritário, Trump era visto como mais competente do que sua adversária, Kamala Harris, por uma vantagem de 9 pontos (54% v. 45%). A vantagem foi largamente explorada por sua campanha –a promessa de reduzir os preços foi, junto com a de deportações de imigrantes, o eixo central da sua estratégia eleitoral. O republicano chegou a discursar em frente a uma mesa cheia de compras de supermercado.

Desde que tomou posse, a inflação agregada vem desacelerando, mas não neste subgrupo. A disparada de 60% do preço do ovo entre março deste ano e do ano passado, em meio a um surto de gripe aviária, tornou-se um símbolo de descontentamento.

Segundo levantamento feito pela CNN em abril, 64% reprovaram o modo como o presidente lida com inflação, uma alta de 8 pontos em pouco mais de um mês.

De modo semelhante, pesquisas de confiança do consumidor mostram que o indicador está em níveis historicamente baixos. Ao mesmo tempo, a expectativa de alta do desemprego disparou para patamar próximo do observado na crise global de 2008, e superior ao visto na pandemia.

Nesse cenário, o economista-chefe da Apollo Global Management, Torsten Slok, coloca em 90% a chance de o país entrar em recessão. Na avaliação do analista –um dos poucos a ir, acertadamente, contra a projeção predominante em 2022 de crise–, os EUA estão diante de um choque de estagflação.

No cronograma delineado por Slok, em meados de maio a chegada de navios de contêineres chineses em portos americanos cessará. Em seguida, a demanda por caminhões será prejudicada. No início de junho, os setores de logística e o de varejo começam a demitir em resposta ao esvaziamento das prateleiras e queda das vendas.

No verão americano, a partir de julho, o país entra em recessão.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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