Após maior valor em dois anos, dólar abre em queda nesta quinta-feira

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após atingir o maior valor nominal em mais de dois anos, o dólar abriu a sessão desta quinta-feira (27) em leve queda em sintonia com o recuo da moeda norte-americana ante divisas no exterior.

Investidores também avaliavam o relatório de inflação do Banco Central, que trouxe uma melhora na projeção de crescimento do PIB em 2024, mas uma piora na expectativa de déficit em transações correntes. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, falará sobre o relatório no fim da manhã.

Às 9h17, o dólar caía 0,27%, cotado a R$ 5,5042. No exterior, a moeda estava em queda também com investidores de olho na divulgação de dados de auxílio-desemprego e PIB (Produto Interno Bruto) nos Estados Unidos.

Os resultados podem provocar ajustes na curva de juros norte-americana, que oscila perto da estabilidade nesta manhã, e dar um rumo mais firme para o dólar.

No Brasil o BC informou, por meio do Relatório de Inflação, que sua projeção para o PIB este ano passou de 1,9% para 2,3% —ainda abaixo dos 2,5% estimados pelo Ministério da Fazenda.

O relatório mostrou ainda que a projeção do BC para o déficit em transações correntes do Brasil em 2024 passou de US$ 48 bilhões para US$ 53 bilhões. Ao mesmo tempo, o BC reduziu de US$ 70 bilhões para US$ 65 bilhões a projeção de IDP (Investimentos Diretos no País). Assim, apesar da piora nas expectativas, o IDP continua cobrindo o déficit em transações projetado.

Nesta quinta, está prevista entrevista com Campos Neto e o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, sobre o relatório. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado “Conselhão”.

Na quarta-feira (26), o dólar teve alta de 1,16% e fechou cotado a R$ 5,518, em seu maior valor nominal desde 18 de janeiro de 2022, numa sessão de avanço generalizado da moeda americana ante outras divisas no exterior. O movimento foi acelerado por falas de Lula sobre a situação fiscal do Brasil.

O presidente colocou em dúvida a necessidade de efetuar um corte de gastos para melhorar o equilíbrio fiscal do governo. O mandatário afirmou que será preciso analisar se a questão pode ser resolvida com aumento da arrecadação.

“O problema não é que tem que cortar. Problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação”, afirmou o presidente em entrevista ao UOL.

Lula ainda acrescentou que seu governo está fazendo uma análise sobre se está havendo “gasto exagerado”, mas que isso está sendo feito “sem levar em conta nervosismos do mercado”.

“A resistência de Lula contra cortes de despesas pega muito mal. Tivemos indicações recentes de que o governo iria revisar os gastos, mas a fala de hoje acaba sendo mais um fator de instabilidade”, pontuou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado. “Assim fica difícil algum agente no mercado ir contra o movimento de alta do dólar”, acrescentou.

A situação também pressionou a Bolsa brasileira durante boa parte do dia, mas o Ibovespa engatou alta e garantiu uma sessão positiva no pregão, fechando com avanço de 0,25%, aos 122.641 pontos.

Redação / Folhapress

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