Após receber aporte, plataforma que liga arquitetos a clientes vê espaço para expansão no Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Criada há cerca de sete anos, a startup Archa nasceu realizando concursos para arquitetos, e com o tempo pavimentou a criação de uma comunidade de profissionais da área, com plataforma de educação e espaços de coworking.

Contando com clientes de peso como Electrolux, Camicado e Suvinil, a companhia conseguiu crescer ao longo do tempo construindo pontes entre os produtos dessas empresas e arquitetos e designers de interiores do país

Mas após enfrentar grandes dificudades durante a pandemia, a startup comandada pelos capixabas Anna Rafaela Torino e Raphael Tristão observou uma alta de 250% no seu faturamento com o lançamento, há aproximadamente um ano, de uma plataforma que liga clientes a arquitetos.

Por meio de um trabalho de curadoria e pré-seleção de propostas, o Studio Archa leva em 14 dias projetos arquitetônicos de escritórios e profissionais direcionados às demandas dos clientes.

Em meados do ano passado, a empresa passou por uma rodada de investimentos e conseguiu levantar R$ 2,5 milhões, em aporte liderado pela ACE Ventures e pela TM3 Capital, que investiram na startup por meio do fundo soberano do Espírito Santo, onde fica a sede fiscal da empresa.

Depois, houve um complemento da rodada, com aporte de mais R$ 1 milhão pela Mocelin Engenharia e a SomaVC, empresas do setor que têm sinergia com os serviços da Archa.

As apostas dos investidores refletem um momento favorável para o mercado imobiliário no Brasil, em meio ao ciclo de queda da taxa básica de juros, Selic. No ano passado, o índice imobiliário foi o que mais se valorizou na Bolsa de valores brasileira.

Esses fatores alimentam os planos de expansão da companhia, que vê espaço para novos negócios conforme ela busca difundir a cultura da contratação de arquitetos e decoradores para as reformas. Segundo levantamento de 2021 realizado pela Offerwise e encomendado pelo QuintoAndar, somente 19,5% dos brasileiros contratam esses profissionais.

“As pessoas acham que contratar arquiteto é luxo. Mas uma reforma tranquila e com economia de gastos sempre passa por um bom projeto de arquitetura. Então, é possível ter uma boa experiência com reformas, sem ter dor de cabeça”, diz Anna Rafaela Torino.

Justamente por conta dessa cultura que ainda impera no Brasil, hoje a maior parte dos clientes do Studio Archa são empresas, como restaurantes, lojas e escritórios. A maioria é negócio de pequeno e médio porte, mas a companhia também já atendeu multinacionais como o Google, a Lufthansa e a Warner.

A ideia, porém, é expandir entre as pessoas físicas. “A gente quer construir um novo cenário onde a arquitetura seja mais valorizada no Brasil e inclusive ser uma ferramenta que faz o investimento dos clientes render mais”, diz Raphael Tristão.

“Nossa missão é fazer com que a arquitetura seja reconhecida como um bom investimento. Não só como uma ferramenta de estética, mas como ferramenta de soluções e de transações de serviços e produtos”, complementa Torino.

A plataforma funciona da seguinte forma: profissionais autônomos e escritórios se inscrevem no Studio Archa. Quando um cliente solicita um projeto, especificando os detalhes, os arquitetos recebem a solicitação e os profissionais interessados podem preparar uma proposta dentro do limite de tempo estabelecido pela startup.

A Archa então faz uma curadoria e separa três propostas para enviar ao cliente. Este então escolhe um deles. Tudo isso mediado pela tecnologia, possibilitando que arquitetos de qualquer parte do Brasil atendam clientes também de qualquer lugar do país.

Torino ressalta que a plataforma é democrática e amplia a concorrência, permitindo que escritórios de todos os portes consigam participar de competições para atender grandes projetos. Isso porque a Archa paga para todos os interessados em participar das rodadas, para que eles tenham condições de preparar suas propostas.

Em uma situação normal, os escritórios e profissionais trabalham de graça nos projetos, sem saber se eles serão aceitos. Os menores, portanto, acabam não encontrando viabilidade para participar da concorrência de grandes projetos de arquitetura, por falta de tempo e de dinheiro para dar seguimento com seus trabalhos e se dedicar à concorrência.

“As pessoas reclamam muito que tanto as concorrências da publicidade como da arquitetura são gratuitas. E a gente remunera todos os arquitetos que participam das concorrências”, diz Torino.

CONSOLIDAÇÃO E PLANOS PARA O FUTURO

Em um ano, ⁠a Archa já desenvolveu mais de mil projetos e conta com 4 mil arquitetos homologados. A startup tem quatro escritórios no Brasil: dois em São Paulo, sendo um deles em construção no Lar Center, um em Brasília e um em Curitiba.

Segundo o sócio Raphael Tristão, a empresa agora projeta alcançar a marca de 10 mil projetos por ano nos próximos três anos.

Além disso, a companhia planeja expandir em um futuro próximo sua área de atuação.

“Até agora a gente entregava o projeto executivo para o cliente e todo o manual do que ele tem que fazer depois. Hoje a gente já começou testes com alguns clientes para ajudá-los a comprar os produtos que serão usados”, completa.

Anna Rafaela Torino diz que a ideia é utilizar a experiência e facilidade de acesso à indústria de reforma e decoração que a Archa tem para conectar seus clientes diretamente a essa indústria.

Hoje a Archa já tem uma tecnologia própria que auxilia arquitetos parceiros na especificação de produtos. Trata-se da Archabox, ferramenta que ajuda os profissionais a escolherem os melhores produtos para os seus projetos. A ideia agora é conectar essa indústria aos clientes finais.

No ano passado, a Archabox foi utilizada para 42 mil projetos, movimentando mais de R$ 1 bilhão em produtos especificados para os clientes, segundo Tristão.

“Queremos buscar soluções completas. E aí está o desafio. Como utilizamos tecnologia para esse mercado sem perder a essência dele, que é sensorial? Porque mercados mais frios, de compra e venda direta, é mais fácil trazer tecnologia. Mas o nosso mercado é complicado, envolve uma série de fatores. Então, é um desafio grande, mas a gente entendeu que quer abordar essa solução completa e não só em uma das partes”, diz o empresário.

STÉFANIE RIGAMONTI / Folhapress

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