SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, o apóstolo Rina, fundador da Bola de Neve Church, morreu neste domingo (17) num acidente de moto em Campinas (SP). Ele tinha 52 anos.
A informação foi confirmada à reportagem por Eduardo Tuma, presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo e presbítero na igreja.
Segundo a assessoria da Bola de Neve, Rina passeava de moto pelo interior do estado quando sofreu o acidente, que lhe provocou múltiplas fraturas. Ele voltava de um culto e estava com o grupo Pregadores do Asfalto, o motoclube de sua igreja. Deixa quatro filhos.
Formado em propaganda e marketing, o líder evangélico fundou na virada do século sua igreja, que tem como marca uma prancha de surfe no púlpito. Dizia que assim a batizou por estar fundando um movimento que começaria como uma bola de neve até virar uma avalanche.
Filho de evangélicos, ele contava que sua fé cresceu após uma hepatite que o fez sofrer dores fortes e “constatar a existência real do inferno”.
Ele estava afastado da liderança da igreja nos últimos meses, após ser acusado pela esposa, a também pastora Denise Seixas, de violência doméstica. Rina era investigado em inquérito policial sob suspeita de “ameaça, difamação, injúria, lesão corporal, falsidade ideológica e violência psicológica contra a mulher”.
Nas redes sociais, ainda se declarava casado com Denise. Ela chegou a conseguir uma medida protetiva de urgência contra o marido, que teve arma apreendida pela Justiça após a denúncia.
Antes de criar a Bola de Neve, ele frequentou a Igreja Batista e liderou o Ministério de Evangelismo da Renascer em Cristo. Apóstolo da Renascer, Estevam Hernandes define Rina como “um filho na fé, um servo de Deus que produziu grandes frutos e deixa um grande legado de vida”.
A Bola de Neve é popular sobretudo entre crentes jovens. Tem bateria de Carnaval (a Batucada Abençoada) e um dresscode que pouco lembra o visual conservador associado a igrejas mais tradicionais. As primeiras reuniões, ainda nos anos 1990, aconteciam numa loja que vendia artigos de surfe, daí adotar uma prancha como púlpito.
“Falávamos de Deus, mas também surfávamos”, já disse Rina sobre a origem da sua igreja. “Não éramos uns ETs. Pensamos em algo que começasse pequeno e depois poderia crescer. E Bola de Neve se encaixou e traz um pouco da essência do que é a igreja. É irreverente e não associa logo à religião, a coisa formal. Nosso público já tem muita formalidade em suas vidas e quer ir para a igreja do jeito que ele é sem precisar representar nada.”
A marca evangélica chegou a atrair celebridades convertidas como o surfista Gabriel Medina, a modelo Sasha Meneghel e seu marido, o cantor gospel João Figueiredo, e Rodolfo Abrantes, ex-vocalista da banda Raimundos.
Em vídeo postado na internet, Rodolfo chegou a dizer que sofreu abusos emocionais quando era membro de uma Bola de Neve em Balneário Camboriú (SC), num sistema que chamou de “abusivo e opressor”.
“Fico muito triste com tudo que está acontecendo pois, mais uma vez, homens, em nome de Jesus, o representam mal”, afirmou após vir à tona a acusação de violência doméstica contra Rina.
O pastor Silas Malafaia vê “calúnias sérias e difamações vergonhosas” contra Rina, a quem tinha como “um grande amigo” que “liderava uma igreja moderna, mas sem abrir mão dos fundamentos do Evangelho”.
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER / Folhapress