Arcade Fire agrada a fãs antigos com ‘Águas de Março’ no Lollapalooza

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sete anos e denúncias de assédio separam o momento em que o Arcade Fire tocou no Brasil pela última vez e a apresentação desta sexta-feira (22) no primeiro dia do Lollapalooza. O evento, ainda em expansão, acontecia pela primeira vez no Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo.

O Arcade Fire ainda era uma banda em seu auge, imperdível para os fãs de indie rock que tinham acabado de ser impactados pelos dois álbuns mais importantes de sua carreira, “The Suburbs”, de 2010 —laureado no Grammy como álbum do ano— e “Reflektor”, de 2013.

Naturalmente, agora o Arcade Fire já não é uma banda tão relevante, sua produção de hits está mais distante do tempo atual e um dos principais integrantes do grupo, Will Butler, não faz mais parte do grupo.

A maior notícia recente sobre o grupo veio há cerca de três anos, quando a Pitchfork, um dos portais de notícias de música mais respeitados do mundo, publicou uma reportagem em que quatro pessoas, algumas delas fãs da banda, diziam que tinham sido abusadas sexualmente pelo vocalista Win Butler. Ele negou as acusações e se desculpou em uma carta.

Mas não é possível medir o impacto que as acusações, com pouca repercussão no Brasil, tiveram sobre o grupo. O certo é que a essência do Arcade Fire continua ali, alimentando coros e palminhas ao longo da apresentação.

Mesmo com um público menor do que o comum para o horário, como resultado da debandada para o palco principal, em que o Blink-182 tocaria em seguida, sucessos como “Rebellion (Lies)”, “Reflektor”, “Afterlife” e “Everything Now” ainda emocionaram os indies da plateia.

A apresentação teve seus ápices em “The Suburbs”, que fez centenas de pessoas levantarem seus celulares, e “Wake Up”, que fechou a apresentação com o toque catártico de costume.

Também se mostraram sólidas a dinâmica entre Butler e sua mulher, Régine Chassagne, únicos remanescentes da formação fundadora e a presença de palco de Butler. Ele subiu ao palco com uma bandeira do Brasil, se jogou mais de uma vez em direção ao público, presenteou um fã com uma guitarra e conversou com a plateia. “O Brasil faz com que seja muito difícil tocar em qualquer outro lugar. Você vai embora achando que todo mundo é assim”, disse.

Perto do fim da apresentação, Butler e Chassagne se juntaram para cantar uma versão de “Águas de Março”, de Tom Jobim, com a instrumentista arriscando parte da letra em português numa dinâmica que simula a de Jobim e Elis Regina. Escolha apropriada para o fim do verão em um dia chuvoso de Lollapalooza.

LAURA LEWER / Folhapress

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