SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – De janeiro até novembro, o fogo atingiu uma área de 297.680 km² no Brasil, equivalente à do Rio Grande do Sul (281.707 km²). O índice representa um aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2023, quando a extensão queimada foi de 156.448 km².
Os dados são do Monitor do Fogo, da plataforma MapBiomas, e foram divulgados nesta segunda-feira (16). O número acumulado nos primeiros 11 meses de 2024 é o maior desde 2019, quando começa a série histórica da ferramenta.
Com o arrefecimento do período mais seco do ano, que facilita o espalhamento das chamas, a área queimada vem diminuindo desde setembro, quando ocorreu o pico dos incêndios neste ano. Ainda assim, a taxa chegou a 22 mil km² em novembro, o que equivale à área de Sergipe.
Os estados mais afetados pelo fogo no último mês foram Pará (8.697 km²), Maranhão (4.769 km²) e Mato Grosso (1.804 km²).
Felipe Martenexen, pesquisador do Ipam (Instituto de Pesquisa da Amazônia) e integrante do MapBiomas, ressaltou que o Pará vem enfrentando graves consequências ambientais e de saúde pública associadas aos incêndios.
“Entre as regiões mais afetadas está Santarém, no oeste do estado, onde a qualidade do ar tem se deteriorado rapidamente. Os moradores convivem com uma atmosfera carregada de partículas tóxicas, que afetam a visibilidade e aumentam os riscos de doenças respiratórias”, disse em nota.
A maior parte (57%) do território afetado pelo fogo nos primeiros 11 meses de 2024 fica na amazônia. Dos 169 mil km² impactados na região, 76 mil km² eram áreas de floresta –incluindo florestas alagáveis–, onde o fogo não ocorre naturalmente e a vegetação é sensível às chamas.
“Esse aumento desproporcional da área queimada no Brasil em 2024, principalmente a área de floresta, acende um alerta de que. além de reduzir o desmatamento, precisamos reduzir e controlar o uso do fogo, principalmente em anos onde as condições climáticas são extremas e podem fazer o que seria uma pequena queimada virar um grande incêndio”, explicou em comunicado Ane Alencar, coordenadora do Monitor do Fogo e diretora de ciência do Ipam.
Martenexen afirmou, ainda, que o aumento das queimadas no bioma reflete a intensificação das atividades humanas, como o desmatamento e expansão da fronteira agropecuária, e a persistência de condições climáticas adversas, dado que a seca que atingiu a região em 2023 se estendeu até 2024.
“Em 2024, observou-se uma mudança preocupante no padrão das áreas atingidas pelo fogo: enquanto nos últimos seis anos as queimadas afetaram predominantemente áreas de pastagem, neste ano as florestas passaram a ser as mais impactadas”, destacou.
O segundo bioma mais afetado pelo fogo de janeiro a novembro foi o cerrado, com 96 mil km² queimados –85% deles em áreas de vegetação nativa. Em seguida vêm pantanal (19 mil km²), mata atlântica (10 mil km²), caatinga (2.975 km²) e pampa (33 km²).
JÉSSICA MAES / Folhapress