SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dois homens argentinos, de 26 e 36 anos, foram presos nesta quinta-feira (10), acusados de racismo contra torcedores do São Paulo, durante partida entre o time paulista e o San Lorenzo (Argentina), no estádio do Morumbi, pela Copa Sul-Americana.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, os casos foram registrados como preconceito de raça ou cor na 6ª Drade (Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva). O crime de racismo não é passível de pagamento de fiança, por isso eles ficarão presos e à disposição da Justiça.
Os dois passaram por audiência de custódia e tiveram as prisões em flagrante convertidas em preventiva, segundo informou o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).
A prisão preventiva não tem um prazo estipulado. Dessa forma, eles ficarão presos durante todo o término do processo de investigação ou até conseguir uma decisão judicial que reverta o quadro.
Durante o intervalo da partida, policiais militares foram acionados pelas vítimas, um garoto de 12 anos e o pai dele, de 29. Os dois relataram os gestos racistas praticados pelos acusados e apresentaram vídeos em eles são flagrados nas ações.
Um deles foi registrado jogando uma banana na direção da torcida do São Paulo, que acabou acertando o menor de idade, enquanto o outro, que estava em um camarote destinado a dirigente do clube argentino, foi visto mostrando uma foto de um macaco para os torcedores são-paulinos.
Questionada pela reportagem, a assessoria do San Lorenzo disse que o homem não é diretor nem trabalha no clube. Até o momento, a agremiação também não se manifestou oficialmente sobre as duas prisões.
Ao portal UOL, o delegado Cesar Saad, da Drade, disse que as prisões em flagrante foram feitas com base principalmente nas imagens e também no depoimento das vítimas.
“As imagens acabam falando por si só, fica um pouco mais difícil de conseguir uma outra justificativa que não o gesto de macaco em si”, afirmou o delegado.
Após tomar conhecimento do ocorrido, o São Paulo procurou a família do garoto de 12 anos e o convidou para assistir um treino da equipe no CT da Barra Funda.
A família mora na Zona Leste de São Paulo e costuma frequentar os jogos da equipe tricolor no Morumbi. O garoto ficou bastante abalado com o ocorrido, o que motivou seu pai a levar a denúncia a diante.
RECORRÊNCIA DE CASOS NO FUTEBOL SUL-AMERICANO
No mês passado, o preparador físico do time peruano Universitário, Sebastian Avellino Vargas, foi preso em flagrante por fazer gestos racistas contra a torcida do Corinthians durante uma partida na Neo Química Arena, em Itaquera.
Semanas depois, no entanto, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) tornou o profissional réu por injúria, mas determinou a sua liberdade pelo crime não ter sido cometido com violência física ou grave ameaça e por considerar que ele possui bons antecedentes.
LUCIANO TRINDADE / Folhapress