SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A arma impressa em 3D encontrada com Luigi Mangione, suspeito de matar o CEO da UnitedHealthcare nos EUA, corresponde a três cápsulas de bala encontradas na cena do crime, informou a Polícia de Nova York.
A comissária da polícia Jessica Tisch deu a informação durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (11). “Conseguimos comparar aquela arma com as três cápsulas de bala que encontramos em Midtown, na cena do homicídio”, contou a agente.
Os estojos de munição de 9 mm foram recuperados do lado de fora do hotel onde Brian Thompson foi baleado. Nas balas, estavam escritas as palavras ”negar”, ”defender” e ”depor”, que podem ser uma referência às estratégias que as seguradoras de saúde usam para tentar evitar o pagamento de indenizações aos clientes.
Além disso, as impressões digitais de Mangione são equivalente às encontradas em itens no local do crime. Agora, os investigadores também comparam as digitais do celular descartável e da garrafa de água deixados pelo suspeito durante a fuga.
Thomas Dickey, advogado do jovem, disse à CNN que ainda precisa ver as novas evidências descobertas pela polícia. ”Como advogados, precisamos ver isso. Precisamos ver: como eles coletaram isso? Quanto disso corresponde? E então buscaria nossos especialistas e desafiaríamos sua admissibilidade e precisão desses resultados.”
PRISÃO DE MANGIONE
Luigi Nicholas Mangione foi localizado cinco dias após o assassinato. Ele foi preso na última segudna-feira (9) na região de Altoona, Pensilvânia, a 375 quilômetros de distância de Nova York, em uma unidade da lanchonete McDonald’s após um funcionário o reconhecer e chamar a polícia.
Mangione estava com vários documentos falsos no momento em que foi abordado, incluindo uma identidade de Nova Jersey que usou para fazer check-in em um albergue no Upper West Side, próximo do local do crime. Quando a polícia de Altoona perguntou se ele já tinha ido à Nova York, ele começou a tremer, segundo o documento de acusação.
Suspeito permanece preso. Ele teve sua fiança negada em uma audiência na tarde de terça-feira (10) no Tribunal do Condado de Blair, na Pensilvânia.
RELEMBRE O CRIME
No dia 4 de dezembro, Brian Thompson, 50, estava em frente ao Hilton, em Nova York, quando foi alvo de tiros. Ele faria uma apresentação em uma conferência de investidores, mas foi atingido pouco antes das 7h (9h, no horário de Brasília).
Policiais tentaram reanimar Thompson, mas morte foi confirmada no hospital. “Estamos profundamente tristes e chocados com o falecimento de nosso querido amigo e colega Brian Thompson, diretor-executivo da UnitedHealthcare”, disse a empresa em comunicado.
Suspeita é de crime premeditado. O chefe dos detetives da Polícia de Nova York, Joseph Kenny, informou que o atirador chegou a pé cinco minutos antes de Thompson, que aparentemente caminhava sem seguranças em frente ao hotel. A esposa dele afirmou à TV NBC que o marido tinha recebido ameaças recentes.
Sistema de saúde nos Estados Unidos é baseado em planos privados. Os EUA são o único país desenvolvido que não tem cuidado universal de saúde. O serviço acaba sendo oferecido por empresas, que frequentemente recusam cobertura de cirurgias, medicamentos ou mesmo anestesia. Publicado em julho deste ano, um levantamento do Centro Nacional de Saúde dos EUA aponta que 25 milhões de americanos, sendo 2,8 milhões de crianças, não tinham acesso pleno à saúde em 2023.
UnitedHealth Group faturou 100 bilhões de dólares no terceiro trimestre de 2024. A UnitedHealthcare, administrada pela vítima, é um braço da companhia que administra produtos de saúde, como Medicare e Medicaid, para pessoas idosas e de baixa renda, financiados pelos orçamentos estatais.
Seguradora de saúde é a que mais nega pedidos de pacientes. Um levantamento publicado pela Forbes e pelo Boston Globe mostra que a UnitedHealthcare nega 32% dos pedidos de seus pacientes. A média nacional dos Estados Unidos é de 16%.
Redação / Folhapress