SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em setembro de 2023, logo depois de ser nomeado cardeal pelo papa Francisco, Robert Francis Prevost apontou as ideologias e a polarização como obstáculos à unidade e à vida comunitária.
“As ideologias adquiriram maior poder do que a experiência real da humanidade, da fé, dos diferentes valores que vivemos”, afirmou, em entrevista ao site da Ordem de Santo Agostinho.
Nesta quinta-feira (8), Prevost, de 69 anos, foi anunciado como o novo papa Leão 14. Ele é o primeiro líder do Vaticano oriundo dos Estados Unidos.
Prevost respondia a uma questão sobre como a unidade poderia ser harmonizada com a diversidade. “É um desafio, sem dúvida, principalmente quando a polarização se tornou a forma de operar em uma sociedade que, em vez de buscar a unidade como princípio fundamental, oscila de um extremo ao outro”, disse.
Leão 14 no entanto, ressaltou que unidade não significa uniformidade. “A diversidade também não pode ser entendida como um modo de vida sem critérios ou sem ordem”, afirmou. “Quando uma ideologia se torna, por assim dizer, a dona da minha vida, já não consigo mais dialogar com outra pessoa, porque já decidi como as coisas serão.” Para ele, isso pode acontecer em qualquer lugar do mundo e por qualquer motivo. “Isso, obviamente, torna muito difícil ser Igreja, ser comunidade, ser irmãos e irmãs.”
Ele destacou que existem muitas culturas, línguas e circunstâncias diferentes ao redor do mundo, mas que devem ir atrás de algo em comum. “Ao listar nossas prioridades e avaliar os desafios que temos pela frente, devemos entender que as necessidades urgentes da Itália, Espanha, Estados Unidos, Peru ou China, por exemplo, provavelmente não são as mesmas, exceto em um aspecto: pregar o Evangelho, e que ele seja o mesmo em todos os lugares.”
Na entrevista, Leão 14 contou ter ficado surpreso ao ser nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos, em 2023. “É uma honra receber este mandato, mas, sinceramente, foi difícil para mim deixar Chiclayo depois de tantos anos mais de 20 no Peru sendo feliz fazendo o que fazia”, afirmou.
Redação / Folhapress