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As repercussões do tarifaço para a China, o impacto nas bolsas e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As repercussões do tarifaço para a China, o impacto nas bolsas de valores pelo mundo, os temores para a Petrobras e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (10).

**VOCÊ SABE JOGAR TRUCO?**

Se sim, sabe que parte do jogo é saber convencer o adversário de que você pode vencer a partida sem dificuldades –pouco importa se você realmente tem esse poder. Em alguns aspectos, a briga comercial entre Donald Trump e Xi Jinping se parece um pouco com uma partida.

Truco! Gritou o presidente americano, colocando uma tarifa de 34% sobre as importações de produtos chineses para os EUA. A China respondeu com uma alíquota idêntica. Trump levou a aposta para 50%, e recebeu uma resposta à altura –84%.

Chegamos nesta quarta-feira (9) em uma tarifa de 125% dos Estados Unidos sobre a China sem sinais das autoridades do país asiático fraquejarem na queda de braço.

A CHAVE PARA O DIÁLOGO

Ainda que o impasse pareça não ter fim, Trump ainda diz querer negociar com o país comandado por Xi Jinping. Afirma estar aguardando um telefonema de Pequim para chegar a um nível justo de tarifas.

Nesta quarta, a OMC (Organização Mundial do Comércio) estimou que as tensões comerciais entre Estados Unidos e China podem reduzir o comércio de mercadorias entre as duas economias em cerca de 80%.

O cálculo, no entanto, foi divulgado em horário próximo ao anúncio das novas tarifas contra a China e não reflete os novos valores. O tarifaço corre na velocidade da luz.

OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE

A União Europeia também anunciou a pretensão de impor tarifas sobre cerca de 21 bilhões de euros (R$ 133 bilhões) em produtos dos EUA em sua primeira retaliação a Trump, com uma inaugural leva de taxas a serem impostas a partir da próxima terça (15).

UM SUSPIRO DE ALÍVIO

Ao mesmo tempo que apertou a corda para o lado da China, o republicano a afrouxou para o resto do mundo. Reduziu a 10% as tarifas recíprocas para todos os países –por 90 dias.

Depois disso, segundo as informações dadas até o momento, as alíquotas voltam a ser as anunciadas na tabela levantada em 2 de abril.

Há três exceções ao descanso temporário: China e seus 125% nas costas, o Canadá e o México, com 25% para ambos.

Aí vão algumas recomendações de leituras para entender melhor o assunto:

Venda de títulos e dólares nos EUA ameaça fama de ‘porto seguro’ dos investimentos americanos.

“Cava a própria cova” o país que se aliar à China, segundo o secretário do Tesouro dos EUA.

No que deu a ideia dos EUA de impor várias tarifas globais em 1930 (e o que isso pode nos ensinar).

**IÔIÔ FEITO DE MOEDA**

Falar sobre o dólar subindo e descendo parece um flashback do final de 2024. O movimento é semelhante, mas o cenário é totalmente diferente.

Agora, os investidores esqueceram um pouco das medidas de Fernando Haddad e estão com foco total em cada palavra que diz Donald Trump.

A TODO VAPOR

Foi assim que o pregão do dólar começou rondando os R$ 6 –passou a metade do dia acima dessa marca psicológica. Na máxima dos negócios, chegou a atingir R$ 6,096.

O termo “marca psicológica” tenta descrever como nossa mente opera. É uma forma de dizer que, se o dólar estava a R$ 5,98, ou a R$ 6,01, não faz tanta diferença na cabeça dos investidores –eles estão pensando no patamar cheio (R$ 6).

A desvalorização do real frente ao dólar no começo da quarta-feira se deve –vamos lá, repitam conosco– às tarifas impostas pelo governo americano. Com o sentimento de insegurança em alta no mercado, todo mundo correu para acumular dólar na carteira.

Insegurança para cá, insegurança para lá. Antes de recomendar alguns meses de terapia aos investidores, vamos elaborar o porquê dessa palavra ser tão repetida no cenário econômico ultimamente.

Vamos imaginar que você está se planejando financeiramente para comprar um carro novo.

Em janeiro, determinou o quanto precisaria economizar em cada mês do ano para chegar no valor em dezembro.

Um probleminha: o preço do carro muda toda hora e, ainda que você tente prever quanto ele vai custar, as regras do jogo serão diferentes no mês seguinte.

Essa tem sido a lida das empresas, investidores, países de todo o mundo.

Falando em mudança de regras…quando Trump bateu o martelo sobre a alíquota linear de 10% para todos os países durante 90 dias, com exceção de China, México e Canadá, o dólar reagiu.

Começou a cair e não parou mais. Terminou o dia ontem em R$ 5,8444, uma derrocada de 2,52%. As negociações nas bolsas de valores ganharam tração com o anúncio, tanto aqui, quanto nos EUA.

– O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, terminou o dia subindo 3,12%;

– O S&P 500, que reúne as maiores empresas americanas, avançou 9,15% –o melhor pregão desde 2008;

– O Nasdaq Composite, índice da tecnologia, ganhou 12,16%;

– O Dow Jones, da indústria, 7,87%.

**PETROBRAS, A EQUILIBRISTA**

Se você está impressionado com as repercussões da guerra comercial aí na sua casa, imagine como estão as empresas com negócios globais. Trump puxou o tapete de todas elas ao desestabilizar o comércio globalizado.

As gigantes brasileiras não estão imunes, é claro. Hoje falamos um pouco da situação da Petrobras, que ficou com os cabelos em pé ao ver que o preço do barril de petróleo –a commodity exportada pela empresa– despencou nos últimos dias.

LADEIRA ABAIXO

Na segunda-feira (7), o barril do petróleo Brent chegou a ser negociado a US$ 60 (R$ 350) pela primeira vez desde fevereiro de 2021 –uma queda de US$ 15 (R$ 87) desde o anúncio do tarifaço. Ontem, o preço subia pouco, sem sair da sexta dezena.

Brent é um tipo de petróleo, mais leve e com poucas quantidades de enxofre. Ele é usado como referência para a precificação da commodity em quase todo o mundo e é negociado na ICE, bolsa intercontinental de valores, em Londres.

As tarifas de Trump são determinantes para o preço do petróleo por alguns motivos:

Investidores temem que haja uma contração da economia global, o que reduziria a demanda pelo óleo;

A China é um dos maiores compradores da commodity no mundo e, se o país desacelerar, a demanda por ela deve acompanhar;

E nós com isso? Até o momento, não há motivo para pânico –os ganhos da estatal não devem afundar por causa disso. Ao menos, é o que diz a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos.

“O Brent caindo assusta, mas todos os nossos projetos são resilientes”, disse ontem.

Eles são aprovados para resistir a um preço de petróleo de até US$ 28 (R$ 163) por barril, segundo ela.

O plano de investimentos trabalha com valores em torno de US$ 83 (R$ 484) por barril em 2025, muito acima do atual. Contudo, há outras variáveis em jogo, como o câmbio –que oscilou muito nos últimos dias, como já discutimos.

Uma questão: caso comece a ganhar menos do que o previsto, vai ser difícil para a Petrobras achar onde cortar gastos. Em um relatório publicado na terça (8), analistas do UBS BB avaliam que a empresa tem pouca margem para cortar investimentos.

**PILHA DE CARROS**

Pátio do Detran ou porto nos Estados Unidos? São duas leituras possíveis da foto acima. Hoje, falamos da segunda opção.

Com a taxação de 25% sobre carros importados para terras americanas, veículos e mais veículos se acumulam em terminais antes de entrar oficialmente no país.

POR QUÊ?

Nunca se sabe quando Trump vai desistir de uma tarifa. Já falamos (muito) sobre isso. Por isso, as montadoras estão segurando milhares de veículos nas fronteiras e interrompendo os embarques para não pagar mais caro à toa.

Um dos executivos do setor de logística ouvido pelo Financial Times alerta para a lotação que deve acontecer em breve nos portos.

“Estamos chegando perto da capacidade máxima em alguns”, disse.

ESPERANDO NA JANELA

Entre as marcas que escolheram desenvolver a virtude da paciência estão Audi, Jaguar, Land Rover e Aston Martin, que reduziram ou suspenderam os embarques para os EUA em abril. Elas apostam que seu estoque atual por lá deve resolver a demanda, no curto prazo.

Na Alemanha, Bremerhaven, um dos maiores portos de carros do mundo, disse esperar perder até 50% dos embarques de veículos de e para os EUA.

A CONTA VAI SUBIR…

de qualquer jeito. Se os carros entrarem, são taxados. Contudo, ficar no porto também custa caro –há taxas de manutenção cobradas pelas concessionárias dos portos.

Alguns fabricantes estão tentando dar um jeito de tirar os veículos dos terminais e colocá-los em armazéns alfandegados nos EUA, onde as tarifas ainda não seriam aplicadas neles.

POR TERRA TAMBÉM

Carros produzidos no Canadá que são transportados por ferrovia também estão presos no porto de entrada em Detroit, de acordo com um especialista de suprimentos.

QUEBRA-CABEÇAS

Parte do problema é que as empresas não sabem exatamente como as tarifas serão aplicadas. Se é por carro inteiro, por motor, por peça de carro…

“Uma peça é um motor, ou é cada parafuso do motor?”, questiona um executivo de uma montadora alemã.

Se a coisa demorar muito para se resolver, a estratégia de represar carros não vai dar muito certo.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Vende-se tradição. O Colégio Bandeirantes, um dos mais tradicionais da elite paulistana, está à venda. A negociação pode sair por até R$ 1 bilhão.

Barrados no parque. Turistas brasileiros reclamam que tickets vendidos pela agência Voupra não foram aceitos na Disney. A agência culpa a plataforma de compra e vice-versa.

Mantenha os amigos perto. Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, comprou uma mansão de US$ 23 milhões em Washington –pertinho da Casa Branca.

Não deu conta. A Amazon está cancelando alguns pedidos que vêm da China com as tarifas de Trump entrando em efetividade (e saindo, e valendo de novo, e saindo…).

LUANA FRANZÃO / Folhapress

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