Às vésperas de greve, ferroviários protestam contra privatização da CPTM

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Manifestantes contrários à privatização da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) protestam na manhã de hoje na frente da bolsa de valores de São Paulo. O local deve receber na próxima sexta-feira, o leilão da concessão de três linhas da companhia à iniciativa privada.

O ato público faz parte das movimentações dos ferroviários contra a privatização de três linhas da companhia. O governo de São Paulo projeta o leilão das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade. Estão previstos investimentos de R$ 14,3 bilhões ao longo de 25 anos de concessão.

“Desde 2022, a população de SP amarga as consequências da privatização das linhas 8 e 9”, diz presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Ao UOL, Camila Lisboa afirmou que o governo Tarcísio “não reconhece que a privatização deu errado”. Ela cita a queda na aprovação por parte dos usuários como comprovação da falta de qualidade do serviço prestado. As linhas também foram alvo de investigação pelo Ministério Público de São Paulo por causa de seguidas falhas e acidentes.

Privatização é sinal de um governo para “empresários e empreiteiros”, diz deputada da oposição. “A gente sabe que quando você privatiza linhas da CPTM quem é atingido não são eles, mas os mais pobres e a maioria da classe trabalhadora, que são as mulheres e as pessoas negras.”, disse ao UOL a codeputada Sirlene Maciel, da Bancada Feminista.

Além de integrantes de movimentos sociais, parlamentares do PSOL estavam presentes no ato. Entre eles, Toninho Vespoli e representantes da Bancada Feminista.

O UOL procurou o governo de São Paulo por um posicionamento. O texto será atualizado em caso de resposta.

FUNCIONÁRIOS PROMETEM GREVE

A previsão dos ferroviários é de que a paralisação contra a privatização comece nesta madrugada. Segundo previsão, a partir da meia-noite a circulação será interrompida – mas o indicativo de greve ainda será debatido em assembleia, na noite de hoje.

A greve deve interromper o atendimento nas linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade. O movimento destaca que mesmo se “houver demissões por conta da greve, ela continuará e não será encerrada.”

A direção do sindicato dos ferroviários declarou que só vai acabar a greve se o leilão for cancelado. “Greve até o cancelamento do leilão: só paramos com garantia por escrito de Tarcísio Freitas de que o leilão foi cancelado”, afirma.

Mais de 4,6 milhões de pessoas residem nas regiões atendidas pelas três linhas. As linhas a serem leiloadas conectam a região central da capital paulista à zona leste e cidades como Mogi das Cruzes, Suzano e Guarulhos.

GOVERNO PREVÊ INVESTIMENTOS DE R$ 14 BILHÕES

O governo de São Paulo estima o investimento total de R$ 14,3 bilhões ao longo de 25 anos de concessão das três linhas de trens da CPTM. Segundo a SPI (Secretaria de Parcerias em Investimentos), três grupos estudam o empreendimento, além de grandes operadoras do setor ferroviário.

O projeto do governo lista que serão construídas oito novas estações e outras 24 passarão por reformas. O edital também prevê a eliminação de todas as passagens em nível, com a implantação de passarelas ou viadutos para aumentar a segurança, além da redução no tempo de espera entre os trens.

A linha 11-Coral deve ganhar mais 4 km, com quatro novas estações. Ela se estenderá até a Barra Funda e terminará na estação César de Souza, em Mogi das Cruzes.

Já a linha 12-Safira será prolongada em 2,7 km de novos trilhos e duas novas estações devem ser construídas. Segundo o plano do governo paulista, haverá integrações com as linhas 13-Jade da CPTM e 2-Verde do metrô.

Para a linha 13-Jade o plano é uma extensão adicional de 15,6 km com seis novas estações. A linha chegará até Bonsucesso e Gabriela Mistral, atualmente terminando no aeroporto de Guarulhos.

As linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda já são operadas pela ViaMobilidade, da iniciativa privada.

MANUELA RACHED PEREIRA, LORENA BARROS E ROBSON SANTOS / Folhapress

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