SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – (FOLHAPRESS) – O ex-ditador da Síria Bashar al-Assad usou sua primeira declaração desde que foi deposto, há pouco mais de uma semana, para afirmar que a fuga para a Rússia não foi planejada com antecedência e que Damasco caiu nas mãos de terroristas. O comunicado foi publicado no canal do Telegram da Presidência síria nesta segunda-feira (16).
“Minha saída da Síria não foi planejada nem ocorreu durante as últimas horas da batalha, ao contrário de certas afirmações”, declarou ele. O ex-ditador afirma que permaneceu na capital cumprindo suas funções até as primeiras horas de domingo (8).
Naquele dia, uma ofensiva relâmpago de 11 dias liderada pelo movimento islâmico HTS (Organização para a Libertação do Levante, na sigla em árabe) chegou a seu último capítulo ao tomar Damasco, antigo bastião do regime. A queda da capital encerrou mais de 50 anos de governo autoritário da família Assad e abriu um caminho ainda incerto para o país.
O colapso do regime surpreendeu o mundo e provocou celebrações na nação e em vários países que receberam a diáspora síria desde o início da guerra civil, desencadeada após a sangrenta repressão aos protestos pró-democracia em 2011.
Assad diz que, diante do avanço dos insurgentes em direção à capital, deslocou-se para Latakia, na costa do Mediterrâneo, para “supervisionar as operações de combate” em coordenação com a Rússia, um de seus aliados no conflito.
Ao chegar à base aérea russa de Hmeimim naquela manhã, no entanto, ele diz ter percebido que suas tropas “haviam se retirado completamente de todas as linhas de batalha e que as últimas posições do Exército haviam caído”.
Ainda segundo seu relato, a base militar russa foi “intensamente atacada por drones”. “Sem meios viáveis de deixar a base, Moscou solicitou que o comando organizasse uma evacuação imediata para a Rússia”, diz ele na declaração, após afirmar que agora seu país estava “nas mãos de terroristas”.
Ex-braço sírio da Al-Qaeda, o HTS afirma ter rompido com o jihadismo, mas continua sendo classificado como um grupo terrorista por vários países do Ocidente, incluindo Estados Unidos e Reino Unido.
Redação / Folhapress