SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um homem morreu e ao menos outras três pessoas foram atingidas por tiros no maior aeroporto do país, o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na Grande SP. O ataque aconteceu na saída do terminal 2, na tarde desta sexta-feira (8).
O alvo do atentado era o empresário e corretor de imóveis Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que teria sido assassinado por vingança pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo o Ministério Público. Ele morreu no local.
Ele era suspeito de ter mandado matar dois integrantes da facção. Também fechou um acordo de delação premiada com a Justiça.
Gritzbach voltava de Goiânia com a namorada. Conforme mostram imagens do ataque, ele havia acabado de deixar a área de desembarque do terminal 2 do aeroporto quando homens encapuzados saíram de um Volkswagen Gol preto e atiraram contra o empresário. Os disparos foram feitos perto do portão, em meio à circulação de outros passageiros. Os atiradores entraram no carro e fugiram.
Vídeos gravados por celular mostram uma pessoa caída na área de parada de veículos para desembarque, de pessoas correndo dentro do aeroporto e de uma outra vítima caída, também na parte interna, sendo socorrida. Uma terceira vítima estaria próxima às portas, também do lado externo.
Mais de 30 cápsulas foram recolhidas no local, segundo guardas-civis ouvidos no local.
O veículo foi encontrado por policiais militares do 3º Batalhão de Choque abandonado na rua Guilherme Lino dos Santos, a cerca de 6 km do aeroporto. No interior do automóvel foram encontrados colete balístico e munições de fuzil, de acordo com a Polícia Militar.
Equipes do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) e da Rota (tropa de elite da PM) foram direcionadas para o aeroporto. Até a publicação, não havia informações sobre o que ocorreu com a namorada.
Três policiais militares realizavam a escolta do homem baleado no momento do ataque. A corporação afirma que eles se apresentaram espontaneamente à Polícia Civil na noite desta sexta e, depois de prestarem depoimento, seriam encaminhados à Corregedoria.
“Todos serão afastados das suas atividades durante as investigações da Polícia Civil, que será acompanhada pela PM”, diz a Secretaria da Segurança Pública em nota.
Duas pessoas feridas foram levadas para o HGG (Hospital Geral de Guarulhos), da Secretaria de Estado da Saúde, disse à reportagem um funcionário do setor. A outra pessoa socorrida teria sido encaminhada para um hospital particular.
O trabalho da perícia terminou por volta das 20h, mas cerca de uma hora depois o corpo continuava em uma área isolada com fitas em frente ao ponto de táxi. Ele foi removido às 21h10 por um carro funerário do IML central da cidade de São Paulo.
O aeroporto segue em funcionamento, mas a área de desembarque foi isolada, e a saída dos passageiros está sendo feita pelo embarque.
Guardas-civis municipais fazem a segurança do local. Há gradis impedindo o acesso a escadas rolantes do segundo primeiro piso para o térreo para evitar a presença de curiosos.
Em nota, a GRU Airpport, concessionária que administra o local, afirma que a polícia foi prontamente acionada, assim como a equipe médica.
Maior do país, o aeroporto de Guarulhos recebeu 3,8 milhões de passageiros em agosto e 41,3 milhões em todo o ano de 2023.
QUEM ERA O EMPRESÁRIO
Gritzbach era um homem jurado de morte pelo crime. Ele chegou a ser preso por suspeita de envolvimento na morte de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e do motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue em 2021.
O corretor de imóvel teria desaparecido com US$ 100 milhões (R$ 547 milhões) e mandado matar Cara Preta, que seria o dono do dinheiro, segundo a Promotoria.
Os policiais do DHPP afirmaram, em 2022, que Cara Preta teria passado o valor para que Gritzbach, juntamente com Pablo Henrique Borges, investisse o valor em criptomoedas. O dinheiro, no entanto, sumiu, e Anselmo foi morto.
No final de 2023, o corretor de imóveis sofreu um atentado em um imóvel no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Policiais chegaram a afirmar para a Folha de S.Paulo, à época, que a morte dele era uma das missões repassadas aos integrantes da facção criminosa.
FÁBIO PESCARINI E PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress