Ataque de Israel contra comboio humanitário na Faixa de Gaza deixa mortos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No mesmo dia em que admitiu ter disparado contra um veículo usado por uma agência ligada à ONU na Faixa de Gaza, Israel atacou novamente um comboio humanitário no território palestino, palco de uma guerra entre Tel Aviv e Hamas desde outubro do ano passado.

O comboio havia sido organizado nesta quinta-feira (29) pela Anera, uma ONG dedicada ao Oriente Médio sediada nos Estados Unidos, e levava insumos médicos e combustível para um hospital em Rafah, cidade lotada de deslocados pelo conflito. Israel afirma que o ataque visou ‘agressores armados’ que tentavam sequestrar o veículo, mas a entidade diz que os mortos eram de uma empresa parceira.

“Este é um incidente chocante. O comboio, que foi coordenado pela Anera e aprovado pelas autoridades israelenses, incluía um funcionário da Anera que felizmente saiu ileso”, afirmou, segundo o jornal britânico The Guardian, a diretora da ONG, Sandra Rasheed. “Tragicamente, vários indivíduos, todos empregados pela empresa de transporte com a qual trabalhamos, foram mortos no ataque. Eles estavam no primeiro veículo do comboio.”

Por enquanto, não há confirmação do número de vítimas, mas tanto o The Guardian quanto o jornal americano The Washington Post falam em cinco mortos.

O Exército de Israel afirma que o veículo da frente foi atacado por pessoas armadas, o que teria motivado o bombardeio. “Nenhum dano foi causado aos outros veículos do comboio e ele chegou ao seu destino conforme planejado. O ataque aos agressores armados removeu a ameaça de eles tomarem o controle do comboio humanitário”, disse Tel Aviv, segundo o The Guardian.

Também na quinta, autoridades de Israel admitiram que militares do país dispararam contra um veículo usado para entrega de ajuda humanitária em Gaza na última terça-feira (27). Segundo Robert Wood, vice-embaixador dos EUA na ONU, a justificativa dos israelenses foi a de que houve um “erro de comunicação”. Ninguém ficou ferido.

O veículo alvejado estava claramente identificado com o logo do Programa Mundial de Alimentos (PMA), e seu trajeto havia sido coordenado com autoridades de Israel. Após o incidente, a entidade suspendeu de forma temporária suas atividades em Gaza. De acordo com o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês), 96% da população de Gaza enfrenta insegurança alimentar.

Tel Aviv costuma culpar o problema da fome no território, que enfrenta bloqueios israelenses, pela suposta incapacidade logística dos grupos de ajuda internacional. Essas entidades, porém, dizem que Israel impõe obstáculos burocráticos e não garante a segurança do transporte da ajuda. Ao menos 294 trabalhadores humanitários foram mortos no conflito, segundo o Ocha.

Não é a primeira vez que um comboio da ONU é alvo de tiros desde o início da guerra. Em abril, um ataque aéreo israelense no centro de Gaza matou sete trabalhadores da ONG World Central Kitchen, liderada pelo chef espanhol José Andrés. O veículo foi atingido ao deixar um armazém em Deir al-Balah, onde havia descarregado mais de cem toneladas de alimentos trazidos pelo mar para o território palestino.

Redação / Folhapress

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