Ataque de Israel contra prédio em Beirute matou 37 pessoas, diz Líbano

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O bombardeio aéreo de Israel contra um prédio nos arredores de Beirute na sexta-feira (20) matou 37 pessoas, incluindo três crianças e sete mulheres, disse o Ministério da Saúde do Líbano neste sábado (21). Foi o ataque mais mortal desde o início do conflito atual entre Israel e o Hezbollah.

Tel Aviv afirma ter matado 16 membros do grupo armado libanês, incluindo os comandantes Ibrahim Aqil e Ahmed Wabbi. Essas mortes foram confirmadas pelo próprio Hezbollah.

O ataque ocorre dias depois que pagers e walkie-talkies explodiram em uma ação atribuída a Israel e descrita pela ONU, pela União Europeia e pelo Líbano como um ato terrorista. Quase 40 pessoas morreram e mais de 3.000 ficaram feridas. Israel não reivindicou a autoria nem comentou o caso, mas esse tipo de ataque tem a digital de Tel Aviv.

De acordo com o governo libanês, 23 pessoas ainda estavam desaparecidas depois do ataque contra o prédio residencial em Beirute na sexta, que ficava ao lado de uma creche. O ministro dos Transportes, Ali Hamieh, considerado próximo ao Hezbollah, afirmou que “o inimigo está arrastando a região para a guerra”. A pasta enviou veículos e equipamentos para remover os destroços e encontrar corpos e eventuais sobreviventes. “Estamos tirando mulheres e crianças dos escombros”, disse o ministro.

Israel fechou o espaço aéreo para voos privados no norte do país, onde há risco de ataques de foguetes, mas a medida não afeta voos internacionais. As Forças Armadas do país anunciaram ter bombardeado milhares de alvos que descreveram como plataformas de lançamento de mísseis do Hezbollah.

O Itamaraty se pronunciou nesse sábado sobre o ataque a Beirute. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que “o governo brasileiro acompanha, com forte preocupação, esse mais recente episódio na escalada de tensões na região”, e pede às partes envolvidas “máxima contenção e a imediata interrupção dos ataques, que ameaçam conduzir a região a conflito de ampla proporção”.

O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, afirmou estar preocupado com a escalada da violência no Líbano, mas disse que o ataque que matou 37 em Beirute “fez justiça” contra o grupo libanês.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que Israel busca espalhar a guerra pela região e pediu que o Ocidente aumente a pressão sobre Tel Aviv. “É chegada a hora de todos os países com a missão de proteger a paz mundial apresentarem soluções para parar Israel”, disse Erdogan. “Para assegurar o fim da opressão que já dura quase um ano e estabelecer um cessar-fogo permanente, o mundo todo, e especialmente a ONU, tem deveres importantes a cumprir.”

Na outra frente da guerra que Israel trava no Oriente Médio, autoridades de saúde da Faixa de Gaza disseram também neste sábado que um bombardeio israelense matou ao menos 22 pessoas em uma escola que abrigava palestinos deslocados pelo conflito no território. Israel disse que o local era um centro de comando do grupo terrorista Hamas. De acordo com o Ministério da Saúde, controlado pela facção, 13 crianças e seis mulheres foram mortas no ataque.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que os objetivos militares de seu país estão claros e que suas ações falam por si. Já o ministro da Defesa, Yoav Gallant, reafirmou que Tel Aviv está lançando uma nova fase da guerra iniciada em 7 de outubro. “A sequência de ações dessa nova fase continuará até que nosso objetivo seja atingido: o retorno dos moradores do norte para suas casas.”

Israel removeu cerca de 60 mil pessoas de vilarejos próximos à fronteira com o Líbano desde que ataques de foguetes do Hezbollah se intensificaram, e o governo Netanyahu vem sofrendo pressão política para que os moradores possam voltar. Milhares de libaneses também deixaram suas casas.

Mas parte da oposição israelense afirma que esse retorno só acontecerá quando houver um cessar-fogo e que o governo abandonou os esforços diplomáticos —Netanyahu já disse que não aceitará um acordo que não envolva a destruição completa do Hamas, algo considerado pouco provável por especialistas. O Hezbollah é aliado do Hamas, e os dois grupos são apoiados pelo Irã, arqui-inimigo de Tel Aviv.

No sábado, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel não tem vergonha e comete crimes contra crianças, não combatentes, e que nem se dá ao trabalho de esconder suas ações. “Incapazes de atingir os verdadeiros soldados na Palestina, eles descontam sua raiva maligna contra crianças, pacientes médicos, e escolas”, disse Khamenei.

Redação / Folhapress

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