SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo indicam o aumento de casos de sinusite neste ano, na comparação com 2022.
De janeiro a junho, foram registrados 698 internações e 51.154 atendimentos ambulatoriais para tratamento de sinusite aguda e crônica nos equipamentos públicos de saúde e em unidades filantrópicas e privadas conveniadas ao SUS (Sistema Único de Saúde). No mesmo período do ano passado, foram 615 internações e 26.124 atendimentos ambulatoriais.
Com isso, houve crescimento de 13% no número de internações e de 96% no de atendimentos ambulatoriais.
Para Antonio Carlos Cedin, otorrinolaringologista da BP (A Beneficência Portuguesa de São Paulo), o aumento pode estar relacionado à grande amplitude térmica. Nas últimas semanas, tem sido frequente uma variação diária de mais de 10ºC.
“A amplitude térmica altera as condições fisiológicas do sistema respiratório, incluindo a produção de muco. Há um ressecamento das secreções e consequentemente maior dificuldade para expeli-las e maior acúmulo”, afirma ele.
Essa secreção estagnada deixa mais suscetíveis pessoas com rinites e sensíveis aos poluentes presentes no ar concentrados nesta época do ano pela redução das chuvas, elevando os casos de sinusite.
“Na grande maioria das vezes, os quadros de rinite e de infecção das vias aéreas superiores por gripes e resfriados são autolimitados. A pessoa toma algumas medicações para os sintomas e melhora. Quando não há essa evolução, temos a sinusite”, afirma Ricardo Dolci, membro da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial) e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Enquanto na rinite a inflamação ocorre nas fossas nasais, na sinusite há a inflamação das mucosas dos seios da face, região do crânio formada por cavidades ósseas ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos. Por isso são comuns sintomas como dor na face e dor de cabeça, além de secreção.
QUAIS SÃO OS TIPOS DE SINUSITE?
Inicialmente, a sinusite é viral. O tratamento geralmente consiste na lavagem nasal com soro fisiológico e uso de descongestionantes e analgésicos para alívio dos sintomas.
Quando o quadro se prolonga e a pessoa persiste com os sintomas após dez dias, a sinusite passa a ser tratada como bacteriana. Nessas situações, é comum a secreção ter aspecto de pus e, em alguns casos, odor forte e desagradável.
O diagnóstico é feito por um otorrinolaringologista, que deve realizar o exame clínico e verificar o histórico e a predisposição do paciente à doença. Quando é constatado que se trata de sinusite bacteriana, é receitado antibiótico. “É preciso tomar cuidado para não abusar dos antibióticos e tratar uma sinusite que é viral como bacteriana”, diz Cedin.
O uso indiscriminado de antibiótico, que favorece o aumento da resistência bacteriana, também é mencionado com preocupação por Dolci. Ele explica que, quando o paciente não responde ao tratamento inicial com antibiótico, é realizado um exame com uma amostra de secreção para identificar a bactéria presente no organismo. O resultado do teste sinaliza quais medicações são mais adequadas.
Quando o paciente apresenta sintomas de sinusite com frequência mesmo após o tratamento, o quadro é caracterizado como uma sinusite de repetição. Se a obstrução nasal perdura por pelo menos 12 semanas, com perda de olfato ou secreção na parte posterior da garganta, há a chamada sinusite crônica.
“Isso pode ocorrer, por exemplo, por uma sinusite aguda tratada de forma incorreta. Às vezes, o paciente não tomou o antibiótico pelo tempo necessário ou houve resistência bacteriana, o que hoje é comum”, afirma Dolci. “A bactéria já é resistente e é preciso trocar a medicação de novo.”
QUAIS OS RISCOS DA SINUSITE E COMO EVITAR?
Sinusites bacterianas não tratadas podem ocasionar dois tipos de complicação: oculares e neurológicas. Pode ocorrer um prejuízo da visão e a mudança de posição do globo ocular, que vem para frente, bem como meningite.
A melhor forma de evitar essas complicações, dizem os especialistas, é realizar o acompanhamento com otorrinolaringologista e seguir o tratamento recomendado.
Já para prevenir a doença, as dicas são lavagem do nariz com soro fisiológico, ingestão de água para auxiliar na fluidificação das secreções, lavagem das mãos e uso de máscara em caso de sintomas respiratórios ou quando em contato com pessoas com esses sintomas.
STEFHANIE PIOVEZAN / Folhapress