SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um ataque às tropas paquistanesas na cidade portuária de Gwadar matou 14 pessoas nesta sexta-feira (3), disseram os militares, no mais recente episódio de violência em uma região convulsionada por uma insurgência de décadas.
Dois veículos das forças de segurança que se deslocavam de Pasni para Ormara, em Gwadar, foram emboscados pelos terroristas, informou num comunicado a agência Inter Services Public Relations, o braço de relações públicas do Exército, sem identificar os agressores.
Gwadar fica na província Baluchistão, uma região rica em minerais que faz fronteira com o Afeganistão e o Irã, e na qual os balúchis étnicos lutam há anos contra o governo local. Militantes islâmicos, que pretendem derrubar o governo paquistanês e instalar o seu próprio tipo de lei islâmica estrita no país, também estão ativos no Baluchistão.
Cerca de 2.000 quilômetros de lá, também nesta sexta um atentado a bomba contra um veículo da polícia matou cinco civis na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do país, também uma região fronteiriça com o Afeganistão. Outras 21 pessoas ficaram feridas, de acordo com autoridades locais, sendo oito policiais.
Nenhum grupo reivindicou o ataque, mas sabe-se que o Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), uma organização guarda-chuva de vários grupos islâmicos sunitas radicais, é muito ativo na área.
Os ataques desta sexta dispararam novos alertas às autoridades antes das eleições nacionais, que estão marcadas para janeiro o Paquistão vem registrando aumento de ações extremistas nos últimos meses, desde que o cessar-fogo entre o governo e o TTP foi rompido.
Além de enfrentar um agravamento da situação de segurança desde que o Talibã retomou o poder no Afeganistão, o país lida com inflação e desemprego, que vêm se avolumando e podem ter levado cerca de 350 migrantes paquistaneses a morrer em um barco que naufragou em junho, em águas gregas.
AFEGÃOS DEIXAM O PAQUISTÃO
Nas últimas semanas, mais de 165 mil migrantes afegãos deixaram o Paquistão para regressar ao seu país em outubro, no final do prazo que o governo lhes deu para partirem voluntariamente antes de correrem o risco de deportação, indicaram na quinta-feira (2) agentes de fronteira.
A grande maioria deles correu em direção à fronteira nos últimos dias, depois de o Paquistão ter dado até 1° de novembro para os 1,7 milhões de afegãos que estima estarem em situação irregular partirem.
Muitos preferiram partir por vontade própria a serem detidos, internados em centros de detenção construídos para a ocasião e finalmente deportados.
Mais de 129 mil saíram pelo posto fronteiriço de Torkham, principal ponto de passagem entre os dois países, na província de Khyber Pakhtunkhwa, e onde vive a maioria dos afegãos, indicou o governo local. Outros 38.100 migrantes passaram por Chaman, na província do Baluchistão, segundo autoridades de fronteira.
Todos tiveram de registrar-se do outro lado da divisa junto das autoridades afegãs, sobrecarregadas pela súbita onda de refugiados.
Redação / Folhapress