Ator Alex Nader vive jornalista que tem colapso ao vivo após noticiar desgraças diariamente

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Há um termo em inglês que vem se popularizando desde a pandemia e é usado para caracterizar o sentimento de quem não aguenta mais ter acesso a notícias tristes e desgraças em geral: “News fatigue” [cansaço de notícias, em tradução livre]. Ele acomete a população em geral, mas e os jornalistas -os mensageiros deste apocalipse? Como se sentem?

O ator Alex Nader pensou em abordar justamente este ponto de vista na peça “O Âncora”, em curta temporada no Teatro Poeira, no Rio. Ele interpreta um apresentador de telejornal que tem um colapso e surta ao vivo, saturado pelas notícias cruelmente repetitivas. A direção é dividida com Leandro Muniz.

“Achei que seria um personagem perfeito para contar uma história, impulsionado pelos últimos anos de governo, pelo que aconteceu com a cultura e por conta dos ataque ao jornalismo”, diz, em entrevista à reportagem. Nader conta que teve William Bonner como seu “muso inspirador”. “Ele está nas nossas casas há quase 30 anos, todos os dias, com o mesmo rosto e expressão. Fico imaginando ‘esse cara não tem vida? Não tem dores? Não tem sofrimento?’.”

A carreira do ator anda movimentada e além do jornalista com burnout, ele interpreta um policial, na série “Amar É Para os Fortes”, que vai ao ar pelo Prime Video na segunda quinzena de novembro. Na atração, mais chumbo grosso.

A trama conta a história de duas famílias que são transformadas após a morte de um menino durante uma operação policial. Ele interpreta Borges, policial que persegue uma moradora que grava a ação.

Ele não muito bem explicar o motivo mas sua carreira recente é marcada por papéis ligados à violência, ao desconforto psicológico -tanto é que antes de Borges, lá foi ele interpretar um policial do Bope em “Arcanjo Renegado” (Globoplay). Apenas ele e Marcelo Melo eram atores. O resto da equipe dos “caveiras” era composta por policiais reais.

“É muito delicado estar na pele de um policial em cena”, diz ele, acrescentando que conviver com estes profissionais por um tempo o ajudou a perceber o que se passa entre os homens de farda.

“Eles não percebem que fazem parte de uma engrenagem que replica e reproduz o racismo estrutural, porque quem é perseguido na nossa sociedade são as pessoas pretas”, diz Nader, que é casado há 14 anos com a atriz Aline Borges, a Zuleica, de Pantanal.

O casamento começou da forma mais tradicional possível. Fechado. Restrito aos dois. Mas, anos depois, resolveram abrir o relacionamento e hoje vivem como um casal não monogâmico.

“Eu sou muito apaixonado pela Aline, ela é a mulher da minha vida. Mas nós aceitamos e respeitamos os nossos sentimentos e vontades. Então estamos livres para, caso aconteça uma situação, a gente se sinta bem com outra pessoa. Nos permitimos viver”, afirma.

MARIA PAULA GIACOMELLI / Folhapress

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