Ator chinês foi resgatado após 4 dias em Mianmar; brasileiros seguem reféns

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um jovem ator chinês foi resgatado em Mianmar na terça-feira (7), quatro dias após chegar ao país como possível vítima de tráfico humano. Ele foi levado para a mesma região onde dois brasileiros são mantidos reféns desde o fim do ano passado, segundo informado pela agência de notícias estatal chinesa, Xinhua News.

Desaparecimento de Wang Xing, de 31 anos, repercutiu rapidamente na China e pressionou governos asiáticos. Segundo a Xinhua, o ator foi dado como desaparecido no último domingo (5) em uma região de fronteira entre a Tailândia e Mianmar, “causando grande preocupação pública” tanto na China quanto no país tailandês.

Chinês viajou à Tailândia após aceitar falsa proposta de trabalho. Segundo veículos de imprensa tailandeses, como o Bangkok Post, o ator havia sido convidado a participar de um teste de atores para um filme no país asiático. Ele teria aceitado a oferta e chegado ao país na última sexta-feira (3), mesmo dia em que perdeu comunicação com seus familiares.

Caso se assemelha ao de brasileiros traficados. Entre outubro e novembro do ano passado, os paulistanos Luckas Viana dos Santos, 31, e Phelipe de Moura ferreira, 26, se tornaram vítimas de tráfico humano em Mianmar após aceitarem supostas propostas promissoras de emprego na Tailândia (relembre o caso).

Autoridades locais suspeitam que chinês também foi traficado. Veículos de imprensa tailandeses, como o Bangkok Post, noticiaram que Xing foi encontrado em Myawaddy, cidade em Mianmar conhecida como destino de pessoas traficadas para trabalho forçado no país. “Pelas investigações preliminares, acreditamos que ele foi vítima de tráfico humano”, declarou a jornalistas na terça o inspetor geral da Polícia Real tailandesa, Thatchai Pitaneelaboot, conforme reportado pela imprensa local.

Procuradas pela reportagem, autoridades chinesas e tailandesas ainda não retornaram. A reportagem procurou por telefone e e-mail a embaixada da China em Bangkok, bem como órgãos da Polícia Real tailandesa, para confirmar as informações reportadas pela imprensa dos países asiáticos e pedir mais detalhes sobre o caso de Xing, mas ainda não teve retorno. O texto será atualizado no caso de futuras manifestações.

Região onde chinês foi resgatado é a mesma onde brasileiros são mantidos reféns. Segundo informado por familiares de Phelipe e Luckas, os dois estão presos em uma fábrica em Myawaddy, onde são forçados a trabalhar 15 horas por dia, sob ameaças e tortura, aplicando golpes digitais em pessoas de outros países.

ESFORÇOS DE RESGATE

Embaixada e consulado chineses confirmaram o desaparecimento do ator antes do resgate. Ainda na terça, o ministro de Relações Exteriores da China, Guo Jiakun afirmou durante uma coletiva de imprensa que os órgãos chineses de diplomacia na Tailândia “receberam pedidos de ajuda da família da pessoa e estão em estreita comunicação com eles”, conforme divulgado no site da embaixada da China em Chiang Mai.

“Nossas missões no exterior estão verificando as informações reportadas e fazendo o seu trabalho. Acompanharemos os desenvolvimentos e direcionaremos as nossas missões no exterior para garantir que tudo seja tratado adequadamente”, disse Guo Jiakun, ministro das Relações Exteriores na China, em declaração à imprensa antes do resgate de Wang Xing

Ministério das Relações Exteriores brasileiro não se manifestou sobre resgate de chinês. Informado sobre o caso do ator recém-resgatado e questionado sobre o avanço das negociações brasileiras com as autoridades da Tailândia e de Mianmar, o Itamaraty não retornou à reportagem, que será atualizada com eventuais posicionamentos da pasta.

Em dezembro, Itamaraty afirmou que operações de busca e resgate cabem às polícias locais. Em nota, o ministério informou que “foram realizadas diversas gestões junto ao governo de Mianmar, com vistas a localizar e resgatar os brasileiros —operação que compete às autoridades policiais locais”.

Familiares de vítimas dizem que órgãos brasileiros dão apenas retornos protocolares e vagos. “Quando respondem, nos mandam notas dizendo que estão em contato com as autoridades locais e que a situação ali é complicada. Mas então como que, pra resgatar o ator chinês famoso, foi tão rápido?!”, questionou Antônio Carlos Ferreira, pai de Phelipe.

MANUELA RACHED PEREIRA / Folhapress

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