SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os atores de Hollywood estão em greve. Os 160 mil artistas sindicalizados no Screen Actors Guild, o SAG-AFTRA, anunciaram que estão paralisando suas atividades nesta quinta-feira (13), após a organização trabalhista e os estúdios não chegarem a um acordo. O sindicato aprovou a paralisação com votação unânime.
Eles se juntam, agora, à greve dos roteiristas, em curso desde o início de maio. Os autores de texto para cinema e TV têm demandas semelhantes às dos atores, em especial em relação aos royalties advindos do streaming.
As exigências centrais do SAG são duas. O sindicato deseja que os atores tenham aumento nos royalties, os chamados “residuais”, pela exibição de seus filmes e séries nas plataformas de streaming, algo que já acontece em canais de TV há décadas. A classe defende que esses pagamentos foram drasticamente reduzidos na última década, a mesma em que a indústria dos streamings cresceu exponencialmente.
A outra exigência se refere ao uso de inteligência artificial. Os atores não querem ser replicados digitalmente sem consentimento ou remuneração em qualquer tipo de produção. Os atores, portanto, buscam maiores recompensas financeiras pela riqueza que ajudam a produzir para os estúdios e produtoras.
Para todos os efeitos, Hollywood agora está totalmente paralisada. As produções remanescentes, que até então não haviam sido afetadas pela greve dos roteiristas, foram interrompidas. Nas últimas semanas, algumas foram até mesmo canceladas, como a esperada “Metrópolis”, do Apple TV+.
“Stranger Things”, “Yellowjackets”, “The Handmaid’s Tale”, um spin-off de “Game of Thrones” e “Abbott Elementary” são exemplos de séries cujas filmagens foram suspensas.
Os estúdios e produtoras negociam por intermédio da Aliança de Produtores de Cinema e Televisão, a AMPTP, que por sua vez alega que os atores e roteiristas, ao causar a suspensão das atividades, estão prejudicando trabalhadores de outras categorias.
Em comunicado, a aliança afirmou ter oferecido ao SAG “aumentos históricos de pagamentos e residuais” e uma proposta “inovadora” para proteger a aparência dos atores no ambiente digital.
Trata-se da primeira paralisação completa da indústria em 63 anos e a primeira dos atores em 40 anos.
Os prejuízos podem ser bilionários para Hollywood. Em maio, por exemplo, as primeiras 24 horas de greve dos roteiristas causou à indústria uma perda estimada em US$ 10 bilhões, algo em torno de R$ 48 bi, segundo o site Unilad.
CAIO DELCOLLI / Folhapress