Atores ‘viraram’ atletas para viverem Senna e Prost

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A mistura de velocidade, potência e agilidade faz os pilotos de Fórmula 1 perderem de dois a quatro quilos durante uma corrida. Ao longo dos anos, os competidores entenderam a importância dos cuidados com o físico na busca pelo sucesso. Não foi diferente para os atores Gabriel Leone e Matt Mella, que interpretam Ayrton Senna e Alain Prost na nova série ficcional da Netflix sobre a história do ídolo brasileiro, que estreia em 29 de novembro. Ambos construíram uma rotina de atletas de alto rendimento para darem vida às personagens.

“A gente estava cuidando de uma dieta, da alimentação, mas duas coisas foram muito importantes quando falamos da preparação física. Uma delas foi justamente a nossa preparação de kart. Durante seis semanas, antes de começar a filmar, a gente ia para a pista de kart três vezes por semana. Nosso instrutor, inclusive, era um argentino que competiu no kart com o Senna”, contou Gabriel Leone em entrevista à reportagem.

“A ideia era de a experiência de ser um piloto com todas as variações que isso traz, de você pilotar num dia bem, outro não, melhorar, enfim, sentir a pista seca, pista molhada. Foi muito importante também para ganharmos esse pertencimento”, acrescentou o ator responsável por interpretar Senna.

Além das aulas práticas de automobilismo, Gabriel e Matt passaram a incluir a corrida de rua na rotina das gravações. Todo o trabalho de estudos de cada personagem mostrou que a Fórmula 1 vai muito além da pilotagem do carro quando se fala da saúde física dos competidores.

“Começamos a correr juntos num parque lá em Buenos Aires também. Eu tive essa ideia de praticar esportes, muito porque o Ayrton teve essa virada na carreira dele, de entender a importância do preparo físico para aguentar uma corrida inteira. Ele tem uma transformação de corpo muito impressionante num dado momento. Então, eu quis experimentar isso. E aí passamos a fazer juntos, o que era interessante, porque dava uma regrada na gente. Tinha uma rotina, que a gente estabeleceu do trabalho, dessa parte física, de jantar, etc. Uma rotina de atletas, de certa forma”, detalhou Gabriel.

“Nós descobrimos que o Ayrton costumava correr bastante, 10 km pela manhã e 10 km à noite. Nós tentamos também. Acho que nós estávamos fazendo 30, 40 km por semana. E nossos joelhos foram destruídos. O fato de ele fazer isso todos os dias nos mostrou que nós não somos atletas mesmo (risos). Esses caras eram atletas muito sérios”, acrescentou Matt Mella.

O OLHAR DE AYRTON

Gabriel Leone nasceu em 1993, apenas um ano antes da morte de Ayrton Senna. As memórias e idolatria pelo piloto, porém, sempre estiveram presentes graças à família dele que, assim como a maioria dos brasileiros, tem o competidor como ídolo. O ator, portanto, sabia da grandiosa missão em interpretar o ícone que conseguiu parar o país.

O ator mergulhou na história de Ayrton para capturar a essência do piloto, que vai além do atleta de Fórmula 1. Gabriel conviveu com a família de Senna e também focou nos trejeitos e atitudes para ter sua imagem cada vez mais próxima ao competidor que nasceu em 1960, em São Paulo, e morreu em maio de 94, na Itália.

“Desde o início, eu sabia da responsabilidade enorme de representar, de dar vida e contar a história do Senna, o nosso maior ídolo. Também sabia que, visualmente, a gente teria que chegar a um lugar próximo porque ele é muito lembrado. O Ayrton tinha características físicas muito marcantes. Isso foi uma boa parte do nosso processo, de experimentar até chegar numa imagem que a gente olhasse, enxergasse e ele estivesse ali de alguma forma, para que justamente tivesse essa identificação com o público quando assistindo”, contou Gabriel.

“Para além desta questão física, eu tive todo um tempo de estudo para encontrar a parte interna dele, para encontrar a essência dele. Isso veio através de vídeos e livros. Eu também tive contato com a família dele, principalmente com a Bianca, a sobrinha, e a Viviane, a irmã. Foi muito importante nesse aspecto, justamente, porque quando pensamos no Ayrton, a gente pensa sempre no corredor, no atleta genial, revolucionário, mas na nossa série a gente conta a trajetória dele até chegar no lugar que chegou. Então era muito importante encontrar esse Ayrton humano”, acrescentou Gabriel.

Quando decifrou o “Ayrton humano”, Gabriel se atentou em um detalhe: o olhar do ídolo brasileiro. Muitas imagens mostram o quanto o piloto se comunicava através do olhar e foi isso que o ator quis compartilhar com o público.

“O momento em que eu encontrei essa essência dele foi quando eu passei a prestar atenção e a estudar os olhos do Ayrton. Acho que o olhar dele sempre falou muito, sempre foi muito expressivo, sempre revelou muito sobre ele. Então, isso para mim foi uma chave para encontrar essa parte interna”, destacou Leone.

Para viver Alain Prost, antigo companheiro de Ayrton Senna na McLaren, Matt Mella passou por um processo similar ao de Gabriel. O ator destacou à reportagem o tempo de estudo que teve com o colega de cena para, juntos, construírem a memorável relação de Senna e Prost.

“Nós dois pesquisamos muito primeiro. Eu li muitos livros e sei que Gabriel também, mas acho que o que fizemos juntos foi realmente o mais substancial. Foram horas e horas de vídeos, entrevistas. As cenas de Prost sempre estão ligadas ao Senna nesta série, então, para mim, a coisa mais importante foi o trabalho que fizemos juntos. Tudo fez a maior diferença para os nossos personagens e para a nossa ligação na tela”, exaltou Mella.

BEATRIZ CESARINI / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS