SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Movimentos sociais e partidos de esquerda estão convocando atos para marcar o primeiro ano do 8 de janeiro, com concentrações em São Paulo e ao menos outras 14 capitais nesta segunda-feira (8). A data também será relembrada em Brasília em uma solenidade com Lula (PT) e outros chefes de Poderes.
O presidente e o PT estimularam a realização de atos pelo país com a militância e a sociedade civil. Membros de siglas como PSOL e PC do B, aliadas do governo, também estão na mobilização.
As manifestações de rua são puxadas pelas frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, que reúnem entidades como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e UNE (União Nacional dos Estudantes).
O ato marcado para a avenida Paulista, às 17h, deverá ter a presença do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo apoiado por Lula. Boulos é líder do MTST.
Na capital fluminense, a atividade será na Cinelândia, também às 17h. Em Brasília, o ato será realizado neste domingo (7), às 10h, para não coincidir com o evento oficial no dia seguinte. Também estão previstos atos em Porto Alegre, Belo Horizonte, Campo Grande e Salvador, entre outras cidades.
Com o mote “O Brasil se une em defesa da democracia”, as manifestações querem lembrar a invasão das sedes dos três Poderes por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “para que isso nunca mais se repita”, segundo Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP (Central de Movimentos Populares).
“A manifestação será importante para impedir que novas tentativas de golpe ocorram”, diz Bonfim, que também é pré-candidato a vereador pelo PT na capital paulista.
Segundo o ativista, a ideia inicial era ter uma mobilização em São Paulo, mas outras cidades se somaram à iniciativa. “Nós, dos movimentos populares, já estávamos pensando em fazer atos. Com a decisão do Lula de fazer o ato institucional em Brasília e a sugestão de ato de ruas, tivemos um impulso”, afirma.
Em 2023, um dia após a depredação promovida por bolsonaristas na capital federal, também foram realizadas manifestações de rua para endossar o apoio à democracia e repudiar os ataques, inflamados pela retórica golpista de Bolsonaro ao longo do mandato e a contestação ao resultado das urnas.
Na época, um grupo se reuniu na avenida Paulista com cartazes e faixas que pediam respeito ao voto popular e repudiavam tentativas de anistia para os responsáveis. Boulos compareceu na ocasião.
A convocação também está sendo feita em redes sociais pelas páginas dos diretórios locais do PT e por apoiadores do governo. A União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, conclamou os seguidores a saírem às ruas para lembrar o 8 de janeiro “como um dia de resistência pelo Brasil”.
Segundo organizadores, a ideia é cobrar punição para os envolvidos no levante golpista e ressaltar a importância das instituições democráticas que estiveram ameaçadas sob Bolsonaro.
“Sem anistia para os golpistas”, escreveu a UNE em postagem chamando para os atos. A expressão “golpe nunca mais” também aparece nos materiais.
No Rio, o protesto convocado por movimentos sociais, centrais sindicais e partidos pretende reunir as forças democráticas “para reafirmar o compromisso na defesa da democracia e repúdio ao fascismo bolsonarista”, de acordo com texto divulgado pelos mobilizadores.
A previsão é ter microfones abertos para discursos de representantes dos grupos e políticos na Cinelândia, ponto tradicional de manifestações políticas na capital fluminense.
Grande parte dos movimentos ligados às convocações de agora atuou também em protestos que pediram o impeachment de Bolsonaro, além de terem apoiado a eleição de Lula.
O ato de segunda em Brasília, cuja intenção é ter um tom mais institucional, será no Congresso Nacional, às 15h, com a presença de representantes dos três Poderes, além de governadores e ministros. Lula espera reunir cerca de 500 convidados no evento, com o mote “Democracia inabalada”.
JOELMIR TAVARES / Folhapress