SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As fortes chuvas que atingiram São Paulo no último fim de semana, deixando estragos como desabamentos e quedas de árvores, poderiam ter sido ainda mais intensas caso a frente fria chegasse à região algumas horas mais cedo, durante a tarde de sábado (18).
Segundo a meteorologista Josélia Pegorim, da agência Climatempo, o estado tinha condições favoráveis à formação de uma linha de instabilidade, como a ocorrida no início do mês, quando sete pessoas morreram em São Paulo. Trata-se de evento climático com capacidade de provocar grandes tempestades com granizo e ventanias.
“Não se poderia descartar, numa situação de aproximação de frente fria e um calor tão intenso, a possibilidade de formação de uma nova linha. Mas isso de fato não ocorreu, já que o choque térmico mais acentuado aconteceu durante a noite, com a atmosfera menos aquecida”, explica a meteorologista.
A previsão de tempestade com rajadas de vento chegou a mobilizar uma força-tarefa entre órgãos municipais e estaduais para minimizar os impactos do mau tempo. De acordo com a Defesa Civil, chuva e vento foram menos intensos do que o esperado porque as instabilidades ficaram estacionadas no Vale do Ribeira e seguiram em direção ao oceano na tarde de sábado.
A passagem da frente fria, ainda assim, levou pancadas de chuva a várias partes do estado. Neste domingo (19), áreas de instabilidade foram registradas em diferentes regiões de São Paulo, principalmente no interior. Cidades como Itapeva, Limeira, Itararé e Tambaú estão entre as mais atingidas e prejudicadas pelos efeitos da chuva.
As rajadas de vento registradas neste domingo, ainda segundo a Defesa Civil, foram de 80 km/h em Eldorado e de 70 km/h em Jacupiranga, ambas no Vale do Ribeira. No sábado, os ventos atingiram 71,6 km/h na capital. A máxima foi registrada na cidade de Ourinhos (a 378 km da capital), com rajadas de vento de até 87,8 km/h.
Em balanço divulgado nesta segunda (20), o órgão disse que 30 municípios paulistas foram atingidos pelo temporal. A ventania, que em algumas regiões atingiu 88km/h, provocou 93 destelhamentos em residências e 14 desabamentos, deixando 23 pessoas desalojadas e dois feridos leves. Também foram registradas 425 quedas de árvores e nove de postes.
Segundo Pegorim, estações mais quentes, como primavera e verão, são mais propícias para a formação de nuvens cúmulos-nimbus, que estão associadas a rajadas de vento e chuvas intensas por onde passam. “Quando você tem a formação de núcleos isolados de uma ou duas nuvens, o impacto acontece em uma pequena área. A linha de instabilidade é um sistema formado por uma série de nuvens desse tipo, que se deslocam de forma alinhada e ao mesmo tempo. É como se fosse uma linha de ventos fortes, que vai se deslocando e atinge muito mais áreas do que uma só nuvem”, explica.
Ainda de acordo com a meteorologista, a maior ocorrência de ondas de calor também pode tornar mais frequente esse tipo de evento. “Uma atmosfera mais quente é sempre mais perigosa. É claro que depende do nível de umidade, mas muitas vezes você tem uma tarde relativamente seca, mas com calor tão intenso que há formação dessas nuvens.”
Redação / Folhapress