Atriz pornô volta a tribunal, e defesa de Trump tenta desacreditar seu depoimento

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A atriz pornô Stormy Daniels, pivô do processo que o ex-presidente americano Donald Trump enfrenta nas últimas semanas, voltou a depor nesta quinta-feira (9) em um tribunal de Nova York e foi acusada pela defesa do republicano de tentar lucrar com o caso.

A advogada de Trump, Susan Necheles, mostrou aos jurados publicações nas redes sociais de Daniels em que ela anuncia mercadorias em sua loja online na época da acusação, no ano passado. Os itens incluíam a vela “Stormy Saint of Indictments” (Santa Tempestuoso das Acusações), que estampava uma foto sua, e uma história em quadrinhos intitulada “Poder Político: Stormy Daniels”.

“Uma grande parte de sua subsistência nos últimos anos tem sido ganhar dinheiro com a história de que você teve relações sexuais com o presidente Trump e que ajudará a condená-lo, certo?” perguntou a advogada.

Daniels respondeu que precisa de dinheiro para pagar suas contas —ela deve mais de US$ 500 mil a Trump devido a um processo de difamação fracassado. “Isso sou eu fazendo meu trabalho”, disse, em tom confiante, vestindo uma camisa verde e um casaco preto.

Necheles também tentou usar o trabalho de atriz pornô para lançar dúvidas sobre seu relato. “Você tem experiência em fazer histórias falsas sobre sexo parecerem reais?” perguntou. “Uau”, disse Daniels, rindo. “Eu não colocaria assim. O sexo nos filmes é muito real, assim como o que aconteceu comigo naquele quarto. (…) Se essa história fosse falsa, eu teria escrito de forma muito melhor”, completou, provocando risos no tribunal.

Trump, usando uma gravata azul, ouvia o depoimento franzindo a testa, em alguns momentos, e parecendo cochilar, em outros.

Em certo sentido, o depoimento de Daniels é periférico no caso, já que relatos polêmicos sobre o comportamento sexual de Trump são conhecidos publicamente.

Mesmo assim, na terça-feira (7), o depoimento da atriz pornô, que durou cerca de cinco horas, foi o mais esperado do caso que pode levar o ex-presidente à prisão. Na ocasião, ela afirmou que desmaiou durante encontro com o republicano, em 2006, e depois acordou na cama nua. Trump negou as acusações e disse que não teve relações sexuais com ela.

Se condenado, o republicano poderia receber pena de até 4 anos de prisão, mas nesses casos é mais comum a sentença determinar liberdade condicional para réus primários.

Outra figura importante que ainda deve depor é o ex-advogado de Trump Michael Cohen, hoje rompido com ele e provável testemunha de acusação. Cohen teria pagado US$ 130 mil à atriz pornô Stormy Daniels em acordo para que ela não falasse sobre suposto caso com o empresário, segundo a Promotoria.

Depois, já durante seu mandato na Casa Branca, o republicano teria reembolsado o advogado com depósitos feitos pela empresa de Trump, dinheiro disfarçado de despesas legais da companhia, o que violaria, de acordo com os promotores, as leis de Nova York.

Cohen declarou-se culpado em 2018 e foi condenado a três anos de reclusão, com boa parte do tempo sob prisão domiciliar (ele não precisou cumprir integralmente a pena porque no fim foi beneficiado com redução por bom comportamento).

A sessão do tribunal teve uma pausa na quarta-feira (8), quando a atriz pornô estava prestes a discutir o acordo de silêncio que teria sido pago por Cohen.

Os advogados do ex-presidente devem questionar supostas inconsistências entre a versão atual de Daniels e relatos que ela forneceu no passado, bem como sua motivação para tornar o caso público.

Na segunda-feira (6), o juiz Juan Merchan, responsável pelo caso, multou Trump em US$ 1.000 (cerca de R$ 5.000) e o considerou culpado de desacato ao tribunal pela décima vez, por violar uma ordem que o impede de criticar envolvidos no caso, como a própria Daniels.

Merchan alertou sobre a possibilidade de prender Trump caso as violações persistam, considerando a prisão como “o último recurso”, dado o impacto no julgamento em andamento e implicações políticas, especialmente por sua candidatura à Presidência.

Redação / Folhapress

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