Aumento da produção, eficiência e relacionamento serão prioridades, diz novo presidente da Vale

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Em sua primeira divulgação de resultados trimestrais, o novo presidente da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou que o plano estratégico da companhia terá como focos a melhoria do portfólio de produtos, maior eficiência nas operações e o relacionamento com públicos de interesse.

Pimenta assumiu a mineradora no início deste mês, após um conturbado processo de sucessão que ganhou contornos políticos com a pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para indicar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Um dos primeiros resultados apresentados foi a assinatura do acordo de R$ 170 bilhões para reparação da tragédia de Mariana (MG), que começou a ser negociado ainda no governo Jair Bolsonaro (PL) e foi assinado no Palácio do Planalto na manhã desta sexta.

O acordo reduz incertezas sobre as finanças da companhia e foi bem recebido pelo mercado, com forte alta das ações no pregão desta sexta (25). Já teve impacto de cerca de R$ 5,6 bilhões no balanço do terceiro trimestre, quando a empresa teve lucro de R$ 13,4 bilhões.

Em teleconferência com analistas para detalhar o resultado, Pimenta primeiro agradeceu ao seu antecessor, Eduardo Bartolomeo, e disse que suas primeiras semanas na gestão foram dedicadas a definir os pilares da estratégia da companhia.

Em primeiro lugar, foi destacada a eficiência das operações, com esforços para reduzir custos de produção e tornar a Vale mais resiliente a oscilações nas cotações internacionais do minério de ferro, seu principal produto.

O segundo pilar é a melhoria no portfólio de produtos, que virá com o aumento da produção. A empresa colocou em operação recentemente a mina de Vargem Grande, com capacidade de 15 milhões de toneladas por ano, e prepara-se para iniciar operações em Capanema, com produção semelhante, ambas em Minas Gerais.

Com maior produção, a empresa busca, por exemplo, ter flexibilidade para retirar do mercado produtos com maior teor de sílica, que têm preço menor, quando a demanda estiver mais baixa. O cobre é outro foco de crescimento da produção nos próximos anos.

Dificuldades de relacionamento principalmente por governos eram um dos principais motivos de críticas à gestão Bartolomeo. Pimenta foi eleito com apoio da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e sem resistências do governo federal, com a missão de melhorar esse ponto.

Nesta sexta, ele afirmou que a empresa quer “construir relações longevas e de confiança”. O objetivo, prosseguiu, “é ter os stakeholders [públicos de interesse da companhia] a bordo nessa jornada”.

A Vale entrou na mira do governo, crítico à privatização da mineradora, e vinha sendo questionada também por vítimas diante da demora em fechar o acordo de Mariana. Nesta sexta, Lula voltou a reclamar que “é muito difícil negociar com uma corporation, que a gente não sabe quem é o dono”.

Na teleconferência, Pimenta afirmou que o acordo para reparação da tragédia de Mariana marca um capítulo importante para a história da companhia. “O acordo reforça nosso compromisso para com as pessoas, as comunidades e o meio ambiente.”

A empresa tem cerca de R$ 26 bilhões em provisões para o pagamento do acordo, que prevê o pagamento de R$ 100 bilhões em parcelas ao longo de 20 anos. Em 2024, prevê desembolsar R$ 3,7 bilhões. Em 2025, outros R$ 11 bilhões. Os valores vão sendo reduzidos nos anos seguintes.

NICOLA PAMPLONA / Folhapress

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