SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O aluno autor do ataque a tiros dentro da Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, na manhã desta segunda (23), era alvo de bullying e agressões na unidade, segundo relatos de pais e estudantes. O adolescente, de 16 anos, foi apreendido pela Polícia Militar.
O adolescente entrou armado na escola e atirou contra estudantes. Uma aluna foi morta e outras duas alunas foram baleadas. Um terceiro estudante se feriu ao fugir.
Segundo Jéssica Mattos, mãe de uma estudante da unidade, o menino era constantemente alvo de humilhações. Ela contou que os alunos relatavam que o ator era alvo de agressões físicas dentro da escola.
“Ele era alvo de bullying. Tem um vídeo que mostra ele sendo agredido fora da escola, esse vídeo era usado para humilhá-lo”, disse Jéssica.
A filha de Jéssica estava na escola no momento do ataque. Ela contou que os estudantes se esconderam nas salas, trancaram as portas e colocaram cadeiras para evitar que o atirador entrasse.
“Eles ficaram escondidos dentro das salas até que uma funcionária apareceu para orientá-los a sair da escola”, contou.
Em entrevista coletiva nesta segunda, o secretário da Educação, Renato Feder, disse que o atirador não era identificado pela escola como um agressor e não foi atendido por psicólogas.
Segundo Feder, o adolescente participou de uma briga, em junho, que motivou a chamada dos pais para a escola. Ainda de acordo com o secretário, a escola começou a ser atendida em agosto por uma psicóloga -uma profissional que atende cerca de dez escolas- e o aluno atirador não chegou a ser encaminhado para atendimento.
Um aluno do 2º ano disse à reportagem que o atirador era conhecido por todos da escola e que era constantemente humilhado por ser gay e ter um estilo diferente. Segundo ele, a adolescente que morreu era uma pessoa gentil, comunicativa e que se enturmava facilmente com todos.
A reportagem teve acesso a um vídeo gravado dentro de uma sala de aula que mostra o adolescente apontado como atirador sendo agredido por duas meninas. Ele leva vários tapas no rosto e puxões de cabelo e revida as agressões, puxando as meninas pelos cabelos e as empurrando.
Segundo alunos da escola, o vídeo teria sido gravado há cerca de três meses. Ainda de acordo com estudantes, as alunas envolvidas não foram feridas no ataque desta segunda.
Outros três estudantes contaram à reportagem que, em maio, o atirador postou nas redes sociais uma montagem com ameaças à menina que morreu.
Outro aluno, do 1º ano contou à Folha que o atirador se envolvia constantemente em brigas dentro e fora da escola. O motivo, segundo esse aluno, seriam provocações que ele fazia a colegas nas redes sociais e bullying relacionado à sua orientação sexual.
O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) lamentou o episódio.
“O Governo de SP lamenta profundamente e se solidariza com as famílias das vítimas do ataque ocorrido na manhã desta segunda-feira (23) na Escola Estadual Sapopemba. Nesse momento, a prioridade é o atendimento às vítimas e apoio psicológico aos alunos, profissionais da educação e familiares”, informou em nota.
A reportagem ainda aguarda manifestação da Secretaria Estadual da Educação.
ISABELA PALHARES, FRANCISCO LIMA NETO TULIO KRUSE / Folhapress