Avião da Presidência da República decola para tentar resgatar brasileiros de Gaza

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo federal acionou a aeronave da Presidência da República para tentar repatriar os brasileiros que estão na Faixa de Gaza. O avião decolou às 16h30 desta quinta-feira (12) com destino a Roma, na Itália, onde vai aguardar autorização do Egito para o resgate.

Em nota, o Palácio do Planalto disse que a aeronave foi acionada em caráter de urgência, na tarde desta quinta. O avião modelo VC-2 (Embraer 190) tem capacidade para 40 passageiros.

A decisão de enviar um novo avião ocorre em meio ao avanço das negociações com o Egito para resgatar os brasileiros que estão na região e querem voltar ao país. São 22 brasileiros que solicitaram repatriação.

O total inicialmente era de 30 pessoas, mas desistências baixaram o número para 28, depois para os atuais 22 com a decisão de uma família de esperar ou procurar abrigo na região, por não ter condições financeiras para voltar à região quando e se o conflito acabar.

Agora, há 10 crianças, 7 mulheres e 5 homens na fila de espera, 13 deles numa escola católica a pedido do Escritório de Representação do Brasil em Ramallah (Cisjordânia). O local foi bombardeado em 2021, então os diplomatas alertaram Israel sobre a presença das pessoas, inclusive crianças, ali.

As tratativas para levar os brasileiros ao Egito pelo ponto de fronteira de Rafah estão em curso, mas esbarram no fato de que Israel não pretende cessar sua campanha de bombardeio, tornando qualquer veículo um alvo potencial.

Escritório de Representação do Brasil em Ramallah organizou também a primeira entrega de ajuda aos 13 refugiados brasileiros que estão na escola .

Foram entregues alimentos, roupas, cobertores e colchões, e uma psicóloga palestina foi contratada para assistir o grupo.

O menino Bader Monir Bader, 11, gravou um vídeo pedindo mais auxílio, inclusive gasolina para o gerador da escola, já que Israel cortou a energia da Faixa de Gaza durante os preparativos para a possível invasão em que pretende destruir o grupo terrorista palestino Hamas, que no sábado (7) realizou uma violenta incursão ao território israelense.

“Não sabemos por quanto tempo vamos ficar aqui”, disse o menino, afirmando não ter mais casa.

Desde o início desta guerra, ao menos 1.417 palestinos morreram e outros 6.268 ficaram feridos nos ataques à Gaza realizados por Tel Aviv, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde de Gaza na manhã desta quinta-feira (12) —tarde no horário local.

Do lado israelense, o número de mortos é de cerca de 1.300.

As Forças de Defesa de Israel afirmam realizar ataques direcionados a alvos do Hamas no território adjacente a Israel. Em uma transmissão ao vivo, o porta-voz dos militares, Jonathan Conricus, afirmou que o esforço é para mapear as instalações, em especial as subterrâneas, que servem de base para terroristas e equipamentos.

Gaza vive um bloqueio desde 2007, e o Egito controla a sua fronteira sul. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, está negociando com o Cairo uma forma de liberar a saída, no posto de controle único de Rafah, para um ou dois ônibus com brasileiros.

Não é uma negociação simples, nem exclusiva: os Estados Unidos e outros países com mais moradores na região estão na mesma tratativa. Especula-se um salvo-conduto para até 2.000 pessoas por dia, mas nada está certo.

Para um comboio, por mínimo que seja, deixar a cidade de Gaza rumo a Rafah, seria preciso uma coordenação que parece improvável com as forças de Israel. A agência da ONU na região tenta negociar um corredor para fazer essa retirada também, mas até agora não houve acordo.

IGOR GIELOW / Folhapress

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