Avião símbolo das enchentes no Rio Grande do Sul é repassado por empresa aérea

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Boeing 727, que se tornou um dos símbolos das enchentes no Rio Grande do Sul no primeiro semestre deste ano, por ter ficado na inundação do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, vai se aposentar. A aeronave será repassada pela Total Linhas Aéreas, que ainda não confirmou como está sendo a venda.

O anúncio da aposentadoria de sua frota de 727 no Brasil foi feito pela empresa em sua conta no Instagram no último sábado (21).

Na publicação, em um texto em primeira pessoa, como se fossem as aeronaves dando adeus, a Total explica que seus aviões, de matrícula TTW, TT0 e TTP (esse, o que ficou no aguaceiro do aeroporto gaúcho), seguirão voando, mas com outro operador e novas cores em outro pais.

O Boeing continua no pátio do Salgado Filho, segundo a Fraport Brasil, concessionária que administra o aeroporto, mas desde julho foi transferido para um lugar mais próximos dos hangares.

Procurada sobre o estado da aeronave, se ela tem condições de decolar e quem é o comprador, a Total Linhas Aéreas não respondeu até a publicação deste texto.

Quando a aeronave foi transferida em julho, a companhia aérea estava à espera de uma vistoria da Boeing no avião, que não quis comentar o caso.

“Hoje eu me despeço dos ares, foram 45 anos dedicados a cumprir com maestria aquilo que os meus engenheiros me projetaram para fazer, VOAR!”, diz o texto, em primeira pessoa.

“No passado, eu era uma aeronave de passageiros e na minha época eu era o avião mais moderno que existia. Mas a tecnologia dos novos aviões foi evoluindo muito rápido e eu fui ficando para trás mas nunca deixaram de acreditar no meu potencial e então eu fui convertido em cargueiro, levando toneladas de cargas pelos céus”, completa.

“Nesse momento meus 3 JT8D silenciam-se para sempre nos céus do Brasil, mas, ainda não é o meu fim pois, sigo voando e dessa vez com um novo operador, novas cores e em um outro país”, diz a publicação sobre os trijato. Os 727, como os que se despedem da frota da Total, têm três motores e as turbinas ficam junto à cauda e não embaixo das asas. Por isso, no caso do Boeing em Porto Alegre, não foram atingidas pela água.

O modelo, que começou a ser fabricado na década de 1960, é considerado raro. Na publicação, a companhia aérea chama o avião de “Cadillac dos céus”.

O anúncio provocou comoção entre fanáticos por aviação na publicação. Foram centenas de comentários.

“O mundo a aviação está ficando cada vez mais chato”, escreveu um seguidor.

Spotters (apaixonados que fotografam e filmam aviões) publicaram imagens de voos dos outros dois 727 da Total.

Segundo o site Aeroin, os três aviões foram aposentados pela companhia aérea com a chegada de quatro aviões cargueiros mais novos e econômicos, do modelo Boeing 737-400.

REABERTURA DO SALGADO FILHO

A retomada parcial dos voos no aeroporto de Porto Alegre está programada para o dia 21 de outubro, com 70% das operações.

Ela será em pista reduzida (1.730 m) e terá a capacidade de receber até 128 pousos e decolagens diários, das 8h às 22h.

As empresas aéreas Azul, Gol e Latam confirmaram a retomada de seus voos e já estão com as vendas de bilhetes abertas.

Segundo a concessionária, até o momento, foi anunciado o retorno das rotas para as cidades de Belo Horizonte, Brasília, Campinas (SP), Curitiba, Guarulhos (SP), Rio de Janeiro e São Paulo.

“O aumento de frequências e novos destinos ocorrerá de acordo com o planejamento de cada companhia aérea”, afirma a Fraport, em nota.

Para 16 de dezembro está prevista a entrega da pista em sua extensão completa, de 3.200 m, além da infraestrutura necessária para a retomada dos voos internacionais.

As companhias aéreas Aerolíneas Argentinas (Buenos Aires), Copa Airlines (Cidade do Panamá) e Latam (Santiago e Lima) já estão com vendas de bilhetes abertas.

Em 15 de julho, o Salgado Filho reabriu para check-in, despacho de bagagens, embarques e desembarques. Os voos emergenciais seguiram na base aérea de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, e os passageiros são transportados em ônibus entre os dois endereços.

O aeroporto está fechado para voos e decolagens desde o dia 3 de maio. Os aviões que ficaram retidos por causa da da inundação começaram a ser retirados em junho, mas o lendário trijato continuou no aeroporto.

FÁBIO PESCARINI / Folhapress

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