Bahia tem mais dois mortos pela polícia nesta quarta (27) e total chega a 52 em setembro

SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Em meio a uma crise na segurança pública da gestão Jerônimo Rodrigues (PT), a Bahia chegou nesta quarta-feira (27) à marca de 52 mortos pela polícia apenas no mês de setembro.

Uma operação policial realizada nesta quarta em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, resultou em duas mortes. Na terça (26), cinco pessoas foram mortas e duas ficaram feridas em uma ação policial em Acajutiba (a 184 km de Salvador).

As mortes em Lauro de Freitas aconteceram na Vila Praiana em uma ação da Polícia Civil em uma área que era utilizada como esconderijo por integrantes de um grupo criminoso.

A Polícia Civil afirma que suas equipes foram recebidas a tiros e revidaram. Os mortos foram identificados como Niraldo Cândido dos Santos Neto, 27 e Lucas de Jesus Costa, 25. Ambos tinham antecedentes criminais.

Sobre a ocorrência em Acajutiba, a Polícia Militar afirma que foi acionada e obteve informações que homens fortemente armados estavam escondidos em um abrigo improvisado em uma área de mata em uma localidade conhecida como estrada do Cumbe.

Segundo a PM, os policiais cercaram o esconderijo, mas teriam sido atacados com disparos de armas de fogo pelos suspeitos, que tentavam fugir. As tropas revidaram com tiros, e sete pessoas foram encontradas feridas no local. Ainda de acordo com a polícia, os feridos foram levados para uma unidade de saúde da região, mas cinco deles não resistiram aos ferimentos e morreram.

A PM afirma que apreendeu uma espingarda de fabricação artesanal, um fuzil, uma pistola e três revólveres. Também foram apreendidas embalagens com porções de maconha, cocaína e crack. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

Com 13,7 mil habitantes, a cidade de Acajutiba não registrou nenhuma morte violenta em 2022, nem no primeiro quadrimestre de 2023, apontam dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública.

As 52 mortes foram registradas como autos de resistência, quando há alegação de confronto entre suspeitos e policiais.

Foram mortas 32 pessoas em operações policiais em Salvador, sete em Porto Seguro, cinco em Crisópolis, cinco em Acajutiba, duas em Lauro de Freitas e uma em Dias D’Ávila.

Uma série de operações foi realizada após uma ação que resultou na morte do agente da Polícia Federal Lucas Caribé Monteiro, no bairro de Valéria, periferia de Salvador.

Desde então, o governo baiano intensificou a parceria com o governo federal para ações de inteligência e de repressão do crime organizado. Três veículos blindados da Polícia Federal foram enviados para Salvador para integrar uma força tarefa com a PM e Polícia Civil.

CRISE NA SEGURANÇA

A Bahia enfrenta um de seus momentos mais graves na gestão da segurança, com o acirramento da guerra entre facções, chacinas e escalada da letalidade policial, com epicentro nas periferias das cidades, cujas famílias vivenciam a morte diária de uma legião de jovens negros e pobres.

Nesta terça-feira, o governador afirmou em Brasília que as forças de segurança do estado vão manter a firmeza no combate à onda de violência, mas que ele não determinou que “trouxessem corpos”.

“Com certeza, para chegarmos a esses números e a essa intervenção deles [facções criminosas], não é de agora, vem se montando há mais tempo, com disputas claras entre eles”, afirmou.

“E nós somos firmes, firmes no sentido de realmente barrar o processo. Em momento algum eu determinei que trouxessem corpos, ou de criminosos ou de policiais ou de inocentes. Mas a firmeza nossa é a firmeza de ir lá, fazer operações. A inteligência trabalhou e tem trabalhado com uma capacidade intelectual muito forte”, completou.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam a Bahia como o estado com maior número absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019. Em 2022, o estado conseguiu reduzir em 5,9% o número de ocorrências, fechando o ano com 6.659 assassinatos.

A Bahia foi, no ano passado, o estado com mais mortes decorrentes de intervenção policial, com 1.464 ocorrências —o que dá uma média de 28 casos por semana. Desde 2015, o número de mortes registradas como autos de resistência quadruplicou no estado.

JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress

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