SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Há cerca de um mês, a proprietária do imóvel ocupado pelo bar Balcão, no número 150 da rua Dr. Melo Alves, nos Jardins, entrou em contato com Francisco Millan, o Chico, para avisar da possibilidade da venda do espaço para a incorporadora Paladin.
Semanas depois e com a compra “praticamente fechada”, segundo o dono do estabelecimento, o momento é de indefinição sobre o futuro do negócio inaugurado em 1994 naquele mesmo ponto, na esquina com a alameda Tietê. Com seu enorme balcão que ocupa todo o salão e é rodeado por banquetas altas, o bar virou ponto de encontro de escritores, jornalistas e artistas plásticos.
Chico diz que tem mantido uma conversa amigável com a incorporadora e que a empresa demonstrou interesse na permanência do bar. “Embora a gente esteja em lados opostos da fronteira, ainda não estamos em pé de guerra”, explica.
O dono, no entanto, diz que só tem interesse de ficar se o bar permanecer aberto exatamente como está –e que esta ainda é uma opção. “Neste ramo as paredes respiram, têm muita história. Vira outro lugar se você muda tudo, dedetiza e deixa tudo novinho. E caso isso seja impossível a ideia é resistir”, conta Chico.
Uma das ideias, segundo ele, foi levantada por um cliente que sugeriu o tombamento do espaço. “Aí vamos buscar todas as frentes para nos defender, mas por enquanto não chegamos neste ponto”, diz.
Caso feche as portas para dar espaço a construção de prédios, o bar se juntará a uma lista cada dia maior de espaços afetados pela verticalização da cidade, como a Mercearia São Pedro, a hamburgueria Oregon, o Teatro-D, o bar Caracol e os imóveis de um lado da rua Edson Dias, em Pinheiros, onde ficam bares como o Azulzinho e o Kingston -este último fechou as portas de vez, enquanto o outro se fundiu ao Meretriz, do mesmo dono e do outro lado da via.
Outro caso que ganhou repercussão foi o do anexo do Espaço Itaú de Cinema na rua Augusta, que fechou as portas em fevereiro.
LAURA LEWER / Folhapress