SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A voz de Cazuza brindando o “Brasil novo, uma rapaziada esperta” na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, abriu o show do Barão Vermelho na estreia do The Town, irmão paulista do festival carioca, na noite deste sábado (9).
Logo antes de o grupo subir ao palco, o telão exibiu uma sequência de imagens de entrevistas, apresentações e momentos da história de 42 anos da banda carioca.
Culminou nas palavras ditas pelo primeiro vocalista do Barão no fim do show do festival durante o auge do grupo e no dia em que Tancredo Neves era eleito o presidente do Brasil, marcando o fim da Ditadura Militar.
Foi essa mesma nostalgia que regeu toda a apresentação do Barão, que desde 2017 tem Rodrigo Suricato como vocalista, acompanhado dos membros fundadores Guto Goffi e Maurício Barros, e de Fernando Magalhães, que entrou para o grupo poucos anos depois de sua fundação.
No palco The One, o Barão fez um karaokê a céu aberto, tocando uma sequência de composições fundamentais para a história do rock brasileiro. Emendou “Bete Balanço”, “O Tempo Não Para”, “Exagerado” e “Por Você”, e tocou um cover de “Tente Outra Vez”, de Raul Seixas.
Cazuza ganhou uma homenagem em “Codinome Beija-Flor”, com muitas lanternas de celulares acesas, embora boa parte dos hits do grupo já fossem uma celebração natural ao artista, compositor da maioria das canções.
“A história do Barão Vermelho e sobretudo do rock nacional é uma história de resistência. Viva a história do rock cantado na porra deste país”, disse Suricato, antes de pedir uma salva de palmas para os dois fundadores da banda.
A mistura de Suricato com Goffi, Barros e Barão divide sentimentos. Embora seja um vocalista eficiente, a história do grupo foi calcada nas composições e figuras de seus principais vocalistas, Cazuza e Frejat.
O jeito de cantar do músico lembra o de Frejat, que não quis voltar para a banda após o fim de seu hiato, em 2017. Não ouvir as canções conhecidas na voz do cantor que ficou mais tempo à frente do grupo e nem ter sua figura no palco pode parecer estranho para fãs mais antigos e dá uma sensação de show de banda cover à apresentação.
Embora tenha celebrado as clássicas do Barão Vermelho, o momento mais enérgico da apresentação foi quando Samuel Rosa, o líder do Skank, subiu ao palco para cantar dois sucessos da banda mineira, “Ainda Gosto Dela” e “Vou Deixar”, aumentando mais ainda o nível de nostalgia do show.
Rosa, que disse que o Barão o moldou como músico, ficou até o fim da apresentação no palco e tocou músicas como “Puro Êxtase”, e “Maior Abandonado”.
Fecharam com “Pro Dia Nascer Feliz”, a mesma música que encerrou a apresentação do Rock in Rio de 1985.
LAURA LEWER / Folhapress