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Barroso diz que não quis ofender eleitores de Bolsonaro e se referia a golpistas

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), voltou a se pronunciar sobre a sua fala de que “nós derrotamos o bolsonarismo”, durante a abertura do 59° Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes) nesta quarta (12).

Em sua segunda nota do dia sobre o assunto, Barroso afirmou que usou a expressão quando, na verdade, se referia “ao extremismo golpista e violento que se manifestou no 8 de janeiro e que corresponde a uma minoria”.

“Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente (Jair Bolsonaro) nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima. Tenho o maior respeito por todos os eleitores e por todos os políticos democratas, sejam eles conservadores, liberais ou progressistas”, disse.

A nova declaração ocorreu após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificar de infeliz, inadequada e inoportuna a fala e criticou a presença do ministro em um evento de natureza política. Ele afirmou que ministro do STF “deve se ater a seu cumprimento constitucional de julgar aquilo que é demandado”.

Além disso, disse que a arena política se resolve com “as manifestações políticas e com a ação política dos sujeitos políticos”.

“Espero que haja por parte do ministro Luís Roberto Barroso uma reflexão em relação a isso e eventualmente uma retratação, no alto de sua cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal e prestes a assumir a Presidência da Suprema Corte”, disse Pacheco.

Em nota anterior, o STF havia declarado que, “como se extrai claramente do contexto”, a fala de Barroso “referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”. Também disse que a sua intervenção foi breve e abordou o tema do autoritarismo e discursos de ódio.

Barroso ocupa a vice-presidência do STF e no momento está no exercício da presidência do tribunal, que está em período de recesso do Judiciário.

O ministro chegou a ser vaiado por um grupo de estudantes durante o evento e respondeu citando o bolsonarismo, a luta contra a ditadura militar (1964-1985) e a defesa da democracia. Ele disse que estar no local significava reencontrar o próprio passado de enfrentamento ao autoritarismo e à intolerância.

“Só ditadura fecha Congresso, só ditadura cassa mandatos, só ditadura cria censura, só ditadura tem presos políticos”, disse em um dos trechos em que o discurso não foi abafado pelo som das vaias. “Nós percorremos um longo caminho para que as pessoas pudessem se manifestar de qualquer maneira que quisessem.”

Diante do protesto dos estudantes, o ministro defendeu o direito às manifestações e afirmou que “gritar ao invés de ouvir” e não colocar os argumentos na mesa é bolsonarismo.

“Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, afirmou.

Após a declaração, deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiram e falaram em pedir o impeachment do magistrado. O deputado Carlos Jordy (PL-RJ), por exemplo, justificou que a medida poderia ser tomada contra o ministro “por cometer o crime de exercer atividade político-partidária'”.

No evento da UNE, a manifestação contra Barroso foi organizada pelo grupo Faísca Revolucionária, que faz oposição à direção da entidade e é formado por estudantes trotskistas ligados ao MRT (Movimento Revolucionário de Trabalhadores).

Eles levaram uma faixa em que chamam o ministro de “inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016”. Os estudantes também carregaram cartazes em defesa do piso.

Segundo a direção da UNE, foi a primeira vez, desde a redemocratização, que o congresso da entidade recebeu um ministro do STF.

O STF também afirmou, em nota, que “as vaias —que fazem parte da democracia— vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE”‘.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, também participou da abertura do evento e defendeu o combate à desigualdade social, o enfrentamento ao poder das grandes empresas de tecnologia que “veiculam extremismo e ódio” e a consolidação da democracia.

“A democracia ainda está em risco e temos que prosseguir na mobilização social. Mantenham a união popular contra o fascismo no Brasil”, disse.

CONSTANÇA REZENDE / Folhapress

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