Basquete do Palmeiras faz 100 anos sem previsão de retorno ao profissional

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O basquete do Palmeiras completa 100 anos em 2023 e chega ao centenário sem previsão de voltar a ter um time profissional da modalidade.

SÓ BASE E PASSADO VENCEDOR

Atualmente, o basquete do clube conta apenas com times das categorias de base, do sub-12 ao sub-18. Depois que um jogador passa da idade-limite, é obrigado a procurar um novo time.

O basquete foi o segundo esporte coletivo incluído no Palmeiras, em 1923, atrás apenas do futebol. O clube ainda representou a seleção brasileira na década de 1930 e revelou nomes como Oscar Schmidt e Leandrinho Barbosa.

Os últimos atos do time profissional foram no NBB (Novo Basquete Brasil). O Palmeiras disputou o torneio por três temporadas consecutivas: 2012/13, 2013/14 e 2014/15. Mas o clube encerrou as atividades da equipe profissional de basquete em junho de 2015. O motivo: falta de patrocinador.

DIFERENTES VERSÕES SOBRE O FIM DO TIME

A empresa Meltex Franchising não renovou o patrocínio para a temporada 2015/16. Sem um novo investidor, o Palmeiras optou por descontinuar o time profissional. O motivo da Meltex ter desistido de seguir com o patrocínio é desconhecido. O UOL não conseguiu entrar em contato com os responsáveis da empresa.

Quem sentiu o término da equipe foi Régis Marreli, treinador do time na época. O técnico conta que tinha planos para seguir com o trabalho na temporada seguinte.

“Já estava certa a minha renovação, inclusive tive alguns jogadores no clube que eu tinha acertado para conhecer o Palmeiras, quando chegou a notícia do final da equipe profissional de basquete por motivos de patrocínio e verba. Isso realmente pegou a gente de surpresa”, disse à reportagem.

Régis explica que a notícia não foi dada ao término da temporada, e sim semanas depois, quando Alejandro Audinino, diretor de basquete do Palmeiras na ocasião, avisou sobre o fim do projeto.

Para Alejandro, o encerramento do profissional não se deu apenas pela falta de patrocínio. Foi um processo político. “Nos clubes, vai mudando o presidente e as direções. E sempre sobra para alguém, porque há um corte de verbas”, afirma.

“A gente projetou o futuro, projetou os jogadores que seriam contratados, quanto se ia gastar, mas não prosperou. Apesar de inúmeros momentos e lutas, não foi possível”, diz Alejandro Audinino.

A versão é diferente da apresentada pelo então diretor de esportes olímpicos do clube, Ronaldo Faria Júnior. Segundo ele, a equipe já sabia ao término do NBB 2014/15 que o projeto seria descontinuado.

“Acabou o NBB, a gente já sabia que na próxima temporada não ia ter, então, na verdade, acabou o contrato com os jogadores e com os técnicos, não teve nada de informação, tipo, ‘olha, vamos montar, vamos ter aqui o técnico, os jogadores e nós vamos ter o time’. Isso aí, na verdade, não ocorreu”, afirmou.

O fim do basquete profissional ocorreu na gestão de Paulo Nobre. A reportagem questionou, por mensagem, o ex-presidente sobre o que motivou o fim do time, mas não obteve resposta. Caso ele se manifeste, o texto será atualizado.

O FUTURO

Oito anos se passaram, o Palmeiras como instituição conseguiu erguer suas finanças e se reestruturar administrativamente; no futebol, conquistou 12 títulos, incluindo duas Libertadores. Apesar da estabilidade, o retorno do basquete profissional não está nos planos recentes do clube.

Segundo apurou a reportagem, a diretoria entende que precisa de uma empresa que possa arcar de forma independente com os custos do time profissional do basquete para que seu retorno seja viável.

“O Palmeiras é grande demais, o Palmeiras hoje não tem o basquete profissional, porque não há uma integração entre diretoria, marketing e a vontade de ter no clube”, disse Ronaldo. Essa opinião é compartilhada por Alejandro e Régis.

Procurada pela reportagem, a Liga Nacional de Basquete, que organiza o NBB, afirmou que o Palmeiras nunca os procurou sobre uma possível volta ao torneio e que o investimento mínimo para uma equipe disputar uma temporada é de R$ 1,8 milhão.

A reportagem também apurou que houve um movimento da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) para que o Palmeiras participe do novo Campeonato Brasileiro promovido pela entidade, que tenta enfraquecer o NBB e criar um novo torneio nacional. A CBB arcaria com os custos logísticos, e o Palmeiras ficaria apenas com o salário dos atletas. A assessoria de imprensa da CBB informou desconhecer essas informações.

A reportagem questionou o Palmeiras se existe algum planejamento para a retomada do time profissional de basquete e qual a posição do clube sobre o término da equipe anos atrás. O clube afirmou que se trata de um assunto interno e que continua com o desenvolvimento das categorias de base.

JÚLIA CASTANHA / Folhapress

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