RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

‘BC dá tempo para que ambiente político traga uma solução’, diz Solange Srour sobre choque na Selic

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A última reunião de 2024 do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, que subiu a Selic (os juros básicos), de 11,25% para 12,25% ao ano, traz um balanço positivo para a gestão de Roberto Campos Neto e sobe a régua para o que o mercado espera de Gabriel Galípolo no comando do BC.

A avaliação é de Solange Srour, a diretora de macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealth Management. Para a economista e também colunista da Folha de S.Paulo, é positiva a sinalização de que o colegiado do BC prevê aumentos de mesma intensidade nas duas próximas reuniões, em janeiro e março, acima das expectativas do mercado.

“O que ele está fazendo é não sair do jogo, é dizer que ele tem um papel importante, mas vai dar algum tempo para o governo, para o ambiente político trazer a solução [para a questão fiscal]”, diz.

*

PERGUNTA – Como interpretar o sinal dado pelo Copom, mais duro do que o esperado?

SOLANGE SROUR – O mercado estava precificando alta de um ponto, mas não esperava o sinal bastante forte que o BC deu. Eles descrevem um cenário mais adverso para a perspectiva de inflação, com a conjuntura de economia mais aquecida, resultado do pacote fiscal percebido pelo mercado como mais inflacionário. Surpreender o mercado neste momento com mais conservadorismo é positivo. Já há uma perda de confiança na âncora fiscal, se começarmos a ter uma perda na âncora monetária, é o pior dos mundos.

P – Em que posição fica agora o governo, e particularmente a Fazenda?

SS – A mensagem é que o ajuste é insuficiente para cumprir com o arcabouço até 2026, para trazer essa segurança de que a regra fiscal vai ficar de pé nos próximos dois anos. É necessário um reforço, mesmo que o Congresso aprove tudo o que foi enviado, o que não é o cenário provável. Acho que inevitavelmente vai ser percebido que, sem um reforço fiscal estrutural, a gente vai ter juros muito mais altos.

O que o Banco Central está fazendo é não sair do jogo, é dizer que ele tem um papel importante a fazer, mas ele vai, no final das contas, dar algum tempo para que o ambiente político traga a solução.

P – Foi um erro do governo ter tentado ‘adoçar’ o pacote com a isenção de Imposto de Renda?

SS – Foi inadequado anunciar uma medida que praticamente anula a economia que está sendo estimada.

P – O Copom já está considerando também um cenário externo mais complicado?

SS – O cenário internacional pode ser mais desafiador para o Brasil, e a depender do que for anunciado e implementado de política econômica nos Estados Unidos, você pode ter um cenário de juros globais mais altos. Não é um cenário que vai ajudar, mas ele não precisa atrapalhar, tomamos decisões bastante negativas em relação ao fiscal nos dois últimos anos.

P – A reunião também marca a despedida de Roberto Campos Neto. Qual é o balanço?

SS – É difícil fazer um resumo com tantos momentos diferentes: ele enfrentou a pandemia, a volta da pandemia com um fiscal bastante estimulativo, um ambiente internacional em que a situação ficou mais resiliente. Foram momentos de acertos e de erros, mas no fim das contas, essa gestão terminou com credibilidade.

P – O que o mercado espera de Gabriel Galípolo no comando do BC?

SS – O BC não começa 2025 em uma situação confortável, porque está precisando ser conservador, mas ganhou credibilidade. Foi uma decisão ainda com Campos Neto presidência, mas é óbvio que tem uma participação muito importante do Galípolo, que começa com uma régua alta. Agora, é o que eu costumo dizer, credibilidade não se conquista com uma reunião, duas ou três. É ao longo do tempo.

*

RAIO-X | SOLANGE SROUR, 47

É diretora de macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealth Management

DOUGLAS GAVRAS / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS