BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Banco Central vendeu nesta quinta-feira (19) US$ 3 bilhões em leilão extraordinário de dólares no mercado à vista. Essa foi a oitava intervenção da autoridade monetária no câmbio em uma semana.
Segundo o BC, foram aceitas seis propostas (acolhidas entre 9h15 e 9h20), e o diferencial de corte do leilão referenciado à taxa Ptax foi de 0,000300. Calculada com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax é uma taxa de câmbio que serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
O certame foi programado pelo BC no fim da tarde de quarta-feira (18), depois de o dólar ter fechado o dia cotado a R$ 6,267, novo recorde nominal para a moeda norte-americana. Nesta quinta, às 9h05, o dólar caía 0,23%, cotado a R$ 6,2537.
A disparada de 2,81% ocorreu em meio à tramitação do pacote fiscal no Congresso Nacional e à decisão de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).
Essa modalidade de leilão à vista funciona como uma injeção de dólares no mercado, como forma de atenuar disfuncionalidades nas negociações e, consequentemente, diminuir a cotação da moeda, seguindo a lei da oferta e demanda.
Na última semana, o BC atuou no mercado à vista de forma surpresa e também por meio do chamado leilão de linha, no qual os dólares são vendidos com compromisso de recompra. Ao todo, foram injetados US$ 15,7 bilhões no mercado de câmbio.
Tradicionalmente, o BC costuma fazer leilões extras no fim do ano, sobretudo em dezembro, período em que empresas com filiais no Brasil enviam recursos ao exterior. Além da questão sazonal, outros dois fatores podem estar influenciando o apetite pela moeda norte-americana na reta final de 2024.
Um deles é o crescimento maior do que o esperado da economia brasileira, outro é o temor com o imposto mínimo sobre milionários, anunciado pelo governo de Luiz Inácio da Silva (PT) para compensar a elevação para R$ 5.000 da faixa de isenção do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física).
A proposta é uma das principais fontes de desconforto para o mercado financeiro, justamente porque as mudanças foram anunciadas, mas os detalhes ainda não são conhecidos.
NATHALIA GARCIA / Folhapress