Bets investigadas em caso Deolane pediram aval da Fazenda para atuar com apostas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As empresas investigadas na operação da Polícia Civil de Pernambuco, que prendeu a advogada e influenciadora Deolane Bezerra nesta quarta-feira (4), tentam comprar a outorga do Ministério da Fazenda para atuar no mercado regulado de apostas. O investimento mínimo é de R$ 50 milhões.

Tratam-se de Esportes da Sorte, de Darwin Henrique da Silva Filho, e Vai de Bet, da qual é sócio José André da Rocha Neto. Ambas estão registradas no Sigap (Sistema de Gestão de Apostas) com os respectivos nomes fantasia: Esportes Gaming Brasil e BPX Bets Sports Group.

Bezerra também abriu uma empresa em 19 de julho, a Zeroumbet Plataforma Digital, da qual é a única sócia, e também pediu aval da Fazenda para operar como banca de apostas. Ela foi uma das primeiras grandes influenciadoras a embarcar nos anúncios de jogos de azar e mantém link para o site da Zeroum.bet, que está no ar ao menos desde abril, no próprio Instagram, onde tem 20,7 milhões de seguidores.

A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), ligada à Fazenda, cobra R$ 30 milhões pela licença, e as empresas ainda devem manter uma reserva financeira de R$ 5 milhões no país e fazer um investimento inicial de R$ 15 milhões no negócio. Está entre os requisitos para comprar a outorga ter sócios livres de antecedentes criminais e de “reputação ilibada”.

A investigação, segundo a Polícia Civil, foi iniciada em abril de 2023, para identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. As autoridades não esclareceram quais eram os jogos ilícitos -até portaria da Fazenda de 31 de julho, os caça-níqueis virtuais disponibilizados pelas empresas citadas estavam em uma “zona cinzenta”.

Conforme o inquérito, a quadrilha usava várias empresas de eventos, publicidade, casas de câmbio, seguros e outras para lavagem de dinheiro feita por meio de depósitos e transações bancárias.

Procurado, o advogado de Bezerra, Rogério Nunes, não respondeu. Em nota divulgada no Instagram, a influenciadora diz estar “sofrendo uma grande injustiça”. Ela acrescentou que “todos os impostos estão pagos”.

Em nota, a Vai de Bet afirma que as atividades da empresa são pautadas pelo cumprimento da legislação vigente e já estão adequadas à regulação do setor para 2025. “Ainda no mês de agosto, o Grupo BPX, empresa detentora da marca VaideBet, deu entrada no requerimento da licença junto ao governo federal para obtenção da outorga para atuação regularizada no Brasil a partir do início do próximo ano.”

Procurado, o Grupo Esportes da Sorte afirmou que as atividades de aposta da empresa cumprem a legislação. “A empresa tem prestado todos os esclarecimentos necessários nos autos do inquérito policial em curso, através de diversas petições e documentos apresentados pelo escritório Rigueira, Amorim, Caribé e Leitão – Advocacia Criminal.”

As duas empresas dizem colaborar com as autoridades desde o início das investigações.

A operação policial chamada de Integration, além de 19 mandados de prisão, cumpre também 24 mandados de busca de apreensão domiciliares, sequestro de bens, como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações e valores. A polícia também conseguiu o bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 2,1 bilhões, retenção de passaporte, suspensão de porte de arma de fogo e cancelamento do registro de arma de fogo.

Os mandados foram expedidos pelo Juízo da 12ª Vara Criminal da Comarca de Recife.

Uma aeronave apreendida durante a operação da Polícia Civil pernambuca pertence à empresa J.M.J Participações, de José André da Rocha Neto, sócio da Vai de Bet. O jatinho ainda está em nome da empresa Balada Eventos e Produções, do cantor Gusttavo Lima, que diz ter vendido o bem ao empresário do ramo das bets.

A portaria de maio que estabeleceu as regras para que as empresas operadoras de apostas possam solicitar autorização para atuar no mercado nacional inclui uma série de condições.

Uma delas é declarar “reputação ilibada” e entregar certidões negativas de antecedentes criminais expedidas por Polícia Federal e Polícia Civil.

Também é necessário apresentar certidões das justiças Federal e estaduais mostrando que o solicitante nunca foi condenado por crimes praticados durante o processo de falência ou contra a economia popular, sonegação fiscal, corrupção ativa ou passiva, concussão, peculato, prevaricação, contra a economia popular, contra a fé pública, contra a propriedade intelectual ou contra o Sistema Financeiro Nacional.

PEDRO S. TEIXEIRA / Folhapress

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