Biden confunde Kamala com Trump em entrevista a jornalistas

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente Joe Biden confundiu o nome da vice-presidente, Kamala Harris, com o adversário Donald Trump em uma entrevista coletiva a jornalistas nesta quinta (11). A confusão ocorreu quando ele respondia a uma pergunta sobre como ele avaliaria o desempenho da companheira de chapa na hipótese de ela se tornar a candidata à Presidência.

Logo antes da coletiva, o presidente cometeu uma gafe, introduzindo o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, como “Putin” durante o encerramento da cúpula da Otan. Ele se corrigiu rapidamente, mas a cena já correu o noticiário dos principais jornais americanos.

A coletiva, que acontece agora, é um momento raro de interação do presidente com a imprensa, e está sendo alvo de amplo escrutínio após o debate desastroso no mês passado colocar em dúvida sua capacidade cognitiva e física de exercer um novo mandato.

“Eu não estou fazendo isso pelo meu legado, estou fazendo para terminar o trabalho que comecei”, disse Biden.

Até agora, 14 deputados e um senador fizeram um apelo para que o presidente saia da disputa –cerca de metade das declarações foram feitas nas últimas 24 horas. Só nesta quinta, somaram-se à lista os deputados Hillary Scholten, Brad Schneider, Greg Stanton, Ed Case e Marie Gluesenkamp Perez.

A expectativa é que o ritmo acelere ainda mais após o fim da cúpula da Otan, que ocorre em Washington até esta quinta. Por respeito ao evento e ao tema de segurança nacional, muitos preferiram permanecer em silêncio nos últimos dias.

Além do temor de o partido perder a Casa Branca para Donald Trump em novembro, pesam no cálculo de deputados e senadores sua própria sobrevivência. O raciocínio é que um candidato fraco à Presidência contamina todos os nomes do partido abaixo dele na cédula.

“Eu entendo por que o presidente Biden quer concorrer. Ele nos salvou de Donald Trump uma vez e quer fazer isso novamente. Mas ele precisa reavaliar se é o melhor candidato para isso. Na minha opinião, ele não é. Pelo bem do país, estou pedindo ao presidente Biden que se retire da corrida”, escreveu Peter Welch, o primeiro senador a defender a saída do presidente da corrida, em artigo publicado no Washington Post.

O texto foi ao ar poucas horas depois de George Clooney, um importante apoiador democrata, fazer pedido semelhante em um artigo publicado no New York Times. O ator participou no mês passado de um evento de arrecadação de fundos para a campanha que levantou US$ 28 milhões.

“É devastador dizer isso, mas o Joe Biden com quem estive há três semanas no evento de arrecadação de fundos não era o Joe Biden do ‘isso é do c.’ de 2010 [elogio feito ao ex-presidente Barack Obama ao promulgar a reforma do sistema de saúde]. Ele nem era o Joe Biden de 2020. Ele era o mesmo homem que todos testemunhamos no debate”, escreveu Clooney.

As declarações seguiram uma entrevista dada pela ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, uma das principais lideranças do partido, em que ela afirmou que o tempo para o presidente tomar uma decisão sobre sua candidatura está acabando -algo que foi lido nas entrelinhas como um pedido para ele repensar sua continuidade na corrida.

Outro senador do partido, o representante do Colorado Michael Bennet, não pediu explicitamente a desistência do presidente, mas afirmou que teme uma derrota de lavada em novembro.

Segundo o New York Times, a campanha de Biden encomendou uma pesquisa de intenção de voto simulando o nome da vice-presidente, Kamala Harris, no lugar de Biden. Não está clara, porém, o que motivou essa decisão -se servir de argumento contra ou a favor da continuidade do presidente na corrida.

A campanha democrata já havia antecipado que essa semana seria sensível, com o retorno de congressistas a Washington após o feriado de 4 de julho e a retomada das articulações partidárias. Por isso, Biden partiu para o ataque na segunda e enviou uma carta à sua base para dar a um basta nas especulações sobre sua substituição.

Na terça, as bancadas democratas na Câmara e no Senado tiveram reuniões a portas fechadas separadamente. Congressistas não esconderam suas frustrações com o presidente, mas a mensagem oficial após os encontros foi de apoio ao mandatário, o que deu um alívio momentâneo à Casa Branca.

As novas defecções nesta quarta, porém, mostram que a turbulência está longe de ter sido superada.

Seguindo a estratégia de expor mais o presidente publicamente, para que ele prove ser capaz de cumprir a função sem o auxílio de assessores ou teleprompters, a campanha anunciou uma nova entrevista a um canal de TV, a rede NBC, para a segunda-feira (15), a segunda em duas semanas.

QUAIS CONGRESSISTAS DEMOCRATAS PEDIRAM A SAÍDA DE BIDEN DA CORRIDA

Deputados

Lloyd Doggett (Texas)

Raul Grijalva (Arizona)

Seth Moulton (Massachusetts)

Mike Quigley (Illinois)

Angie Craig (Minnesota)

Adam Smith (Washington)

Mikie Sherrill (Neva Jersey)

Pat Ryan (Nova York)

Earl Blumenauer (Oregon)

Hillary Scholten (Michigan)

Brad Schneider (Illinois)

Ed Case (Havaí)

Greg Stanton (Arizona)

Marie Gluesenkamp Perez (Washington)

Senadores

Peter Welch (Vermont)

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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