SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta terça-feira (9) que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, comete “um erro” na guerra que se desenrola na Faixa de Gaza e fez um apelo a Tel Aviv por um cessar-fogo. Em tom de crítica, ainda afirmou que quantidade de ajuda que chega a Gaza “não é suficiente”.
“O que ele está fazendo é um erro. Não concordo com a abordagem dele”, disse o americano ao responder uma pergunta sobre Bibi, como o premiê é chamado, à Univision, emissora em espanhol dos EUA. “Peço simplesmente que os israelenses cessem fogo, que permitam, nas próximas seis, oito semanas, o acesso total a todos os alimentos e medicamentos que entram em Gaza.”
Biden afirmou que Israel não tem deixado entrar ajuda humanitária necessária para cuidar da população palestina durante o conflito. Ressaltou ainda que Arábia Saudita, Jordânia e Egito estão “prontos para fazer alimentos entrarem” no território palestino.
“Não há desculpa para não atender às necessidades médicas e alimentares dessas pessoas. Isso precisa ser feito agora”, disse o presidente.
Washington passou a aumentar a pressão sobre seu aliado histórico do Oriente Médio após Israel matar sete trabalhadores humanitários da WCK (World Central Kitchen) em um bombardeio ação que o presidente americano classificou de “indignante” neste terça.
Após o ataque, que Netanyahu chamou de “não intencional”, Biden ameaçou condicionar seu apoio a Tel Aviv a medidas concretas para proteger civis.
A entrevista destacou a mudança na postura dos EUA em relação a Israel. Washington tradicionalmente protege Israel no Conselho de Segurança da ONU e, desde o início da guerra, vetou três projetos que pediam um cessar-fogo. No mês passado, Rússia e China vetaram uma resolução dos EUA que determinava uma trégua, e, em seguida, Washington absteve-se quando o órgão exigiu uma pausa imediata nos combates e a libertação dos reféns israelenses em Gaza o que não aconteceu.
Nas últimas semanas, porém, o democrata já havia chamado os bombardeios de Israel no território palestino de “indiscriminados” e suas ações militares de “exageradas”.
Internamente, Biden enfrenta meses de protestos em todo o país que exigem um cessar-fogo permanente em Gaza e restrições à assistência militar dos EUA a Israel. As manifestações acontecem antes das eleições de novembro, nas quais o democrata deve enfrentar o ex-presidente Donald Trump.
Israel recebeu mais ajuda externa dos EUA do que qualquer outro país desde a Segunda Guerra Mundial, embora a assistência anual tenha sido ofuscada por dois anos pela ajuda enviada à Ucrânia desde a invasão feita pela Rússia, em 2022.
Redação / Folhapress