MIAMI, EUA (UOL/FOLHAPRESS) – O técnico Marcelo Bielsa, do Uruguai, se exaltou em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (12) e detonou os Estados Unidos e a Conmebol pela organização da Copa América.
O treinador estava revoltado com a possibilidade de punição aos seus jogadores pela briga generalizada após a semifinal. Bielsa afirmou que os atletas não tiveram opção a não ser entrar no conflito para defender as famílias que estavam na arquibancada.
Bielsa detonou a organização e pela primeira vez atirou também nos Estados Unidos e não apenas na Conmebol. O argentino lembrou o caso Fifa gate e citou participação americana.
O comandante do Uruguai citou a censura da entidade sul-americana contra críticas e detonou os gramados do torneio. Ele lembrou falas de Vinicius Jr. e Lionel Scaloni.
No fim, Bielsa relembrou sua fama de ‘el loco’ e disse que vão tirar sua razão por ter se exaltado durante a entrevista.
Confira o longo desabafo de Marcelo Bielsa na íntegra:
“Para que vocês recordem, os Estados Unidos, quando sentiu que seus interesses estavam sendo atacados, criou o ‘Fifa Gate’ com o FBI. Fizeram o que fizeram, mas era só por interesse próprio. Aqui não aconteceu nada. Foi uma festa extraordinária: estádios cheios, equipes competitivas, arbitragem que permitia jogar… Não há nada do que se queixar, mas não pode seguir enganando que os campos estão perfeitos! Fazem uma coletiva de imprensa para mentir explicitamente. A chefe dos campos de jogo, que sei quem é, a conheço perfeitamente assim como o mal que faz, dá uma entrevista para dizer que é uma questão visual. Que Vinicius (Jr.) não vê, que Scaloni não tem que falar, que os campos de treinamento estão perfeitos. Eu tenho uma coleção de fotos que mostram que a grama não está unida. Deveriam ter ido aos campos de treinamento e nos dizer: ‘Desculpem, rapazes, isso não está apresentável, não se pode treinar aqui e entendemos’. Como isso afeta os organizadores, não se pode dizer uma palavra, senão nos ameaçam. A Scaloni disseram: ‘já falou uma vez, não fale mais’, porque senão vamos pagar as consequências. Os jogadores não podem falar. Estão todos ameaçados. Ameaça esportiva, dizem que vão nos suspender. Peçam desculpa, poxa! Que vão suspender o que… O único que deveriam dizer é: cometemos tais erros, somos os responsáveis. E fim de papo. Onde já se viu isso? Os jogadores foram obrigados a fazer isso. As sanções não tem que ser para os jogadores, mas para aqueles que os obrigaram a fazer aquilo. Nos deixaram sem opção. E agora temos que ter medo às possíveis sanções. É só o que faltava. Isso é uma caça às bruxas, ‘não, olha só, vamos punir e vão cumprir no terceiro e quarto. Ah, não, não vamos porque o jogo de terceiro lugar há muito repercussão, então vamos ter que pensar melhor’. Isso é uma vergonha. Uma vergonha! Tudo em um país que, como organizador, tem a responsabilidade também. Tenho certeza que não mentiram sobre os campos, disseram que seria o que são. Um país que foi capaz do Fifa Gate e hoje põe a culpa nos jogadores, onde já se viu. Nunca disse nada, mas já passei por situações que são muitíssimo mais graves que essa. Trabalhei seis anos na Argentina. Isso que aconteceu não é nenhum problema. O que não é certo é condenar os jogadores… E eu sei de uma coisa: quando me virem exaltado assim, vão me tirar a razão. É um energúmeno, um louco”.
EDER TRASKINI / Folhapress