SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bienal de São Paulo promove neste fim de semana atividades da cena ballroom, movimento artístico protagonizado por pessoas pretas LGBTQIA+.
Surgida em Nova York nos anos 1970 como ambiente de lazer e resistência contra a violência e a marginalização, a ballroom fincou raízes no Brasil ao longo da última década e se espalhou rapidamente para todas as regiões do país.
No sábado (16), às 14h, acontece no piso azul do pavilhão da Bienal no parque Ibirapuera uma oficina sobre o sistema de ensino da ballroom, ministrada pelo artista Félix Pimenta, pioneiro da cena no Brasil. Em seguida, às 16h, ocorre uma oficina sobre os elementos do vogue, estilo de dança performática nascido nos bailes do Harlem, em Nova York -a atividade será ministrada pela coreógrafa Zaila Candace.
Já no domingo (17), às 13h, acontece no piso térreo uma ball (baile), espetáculo eletrizante que mistura elementos de desfiles de moda, shows de drag e batalhas de vogue. A Ball do Tempo é inspirada pelo pensamento da poeta, dramaturga e professora Leda Maria Martins, que concebe o corpo como testemunho da história.
Os participantes caminharão, ou se apresentarão, em categorias temáticas que resgatam símbolos afrodiaspóricos. Por exemplo, a categoria “baby vogue”, voltada para iniciantes, homenageia Iroko, o orixá do tempo. Já “femme queen vogue performance”, exclusiva para travestis e mulheres trans, faz referência às pombagiras, entidades cultuadas na umbanda e no candomblé.
“Esta é uma ocupação da performatividade queer na Bienal de São Paulo, um palco global da arte”, diz o artista Flip Couto, integrante do coletivo Amem, que organiza a Ball do Tempo. “Estamos escrevendo uma nova história da arte contemporânea.”
A ballroom tem posição de destaque na cultura pop. Beyoncé faz referências à cultura de baile em “Renaissance”, seu álbum mais recente; em 1990, Madonna lançou o hit “Vogue”. A cena também inspirou obras audiovisuais como a série ficcional “Pose” e o documentário “Paris is Burning”.
Esta é a primeira programação da comunidade ballroom na história da Bienal de São Paulo, que chega neste ano à sua 35ª edição com o tema “Coreografias do Impossível” e conta com o maior número de artistas não brancos.
BALL DO TEMPO
Quando 17 de setembro às 13h
Onde Pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera
Preço Gratuito
Produção Coletivo Amem
DANI AVELAR / Folhapress