Biquíni, sunga e leques ganham espaço em SP em meio ao calor

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O biquíni lilás, o copo de caipirinha e os chinelos podem até dar a impressão de que Júlia Andrade, 23, estava a caminho da praia. Mas, a programação constava apenas em aproveitar o forte sol de São Paulo no elevado Presidente Goulart (o Minhocão), na Consolação no feriado desta quarta-feira (15).

“Não são nem 11h da manhã”, diz ela sobre seu copão de caipirinha de limão. “A gente não tá se virando nesse calor”, brinca ela que trabalha com uma ONG e diz se sentir confortável em andar de biquíni por São Paulo quando está acompanhada de amigos, mas sozinha tem receio de assédio.

Por ali, ela e o amigo William Gomes, 30, eram um dos poucos que usavam o local para se refrescar -a maioria aproveitava o dia para fazer esportes. “Não temos piscina, não temos grana, o jeito é vir aqui”, diz Gomes, que trabalha como funcionário público. Depois dali, os dois planejaram ir até o parque Augusta, também localizado na Consolação.

Não muito cheio nesta quarta, foi no parque que alguns paulistanos aproveitavam o forte sol para se bronzear. Enquanto outros se refugiavam na sombra. Leques nas mãos, sungas e biquínis compunham o cenário no início desta tarde. Por ali, as irmãs Andrea, 50, e Adriana do Nascimento, 54, usavam biquíni e chapéus para se proteger do sol.

“É um refúgio, aqui é supertranquilo. A gente tem acesso ao Sesc 24 de Maio, mas tá muito perigosa aquela área e preferimos vir aqui”, dizem elas.

“O pessoal fica cada um na sua, ninguém fica olhando”, diz Adriana que conta que costuma ser indaga por colegas sobre a coragem de colocar biquíni para ir ao parques. “Eu digo que é cada um na sua, ninguém mexe com ninguém. Essa é uma das características pelas quais a gente gostou daqui.”

Também no parque, Paulo Sérgio e Edson Nikkel colocaram sunga para curtir o feriado e ler seus livros.

Eles moram perto do parque, mas acabam indo pouco até lá. “Aqui é comum [usar trajes de banho], mas acho que na maior parte dos parques não é tanto”, dizem eles, que também costumam ir ao parque Ibirapuera, na região sul de São Paulo.

No Ibirapuera, o cenário era diferente do Augusta. Às 7h15, já quase não havia vagas no bolsão de estacionamento em frente à Bienal.

A procura por um lugar na pista principal do parque dividia ciclistas, corredores e quem passeava com seus cachorros. Apesar do sol forte, a brisa reduziu um pouco a sensação térmica, e a temperatura na manhã do feriado era mais amena do que no dia anterior.

Com máxima de 37ºC, menor do que a temperatura elevada registrada na última terça (14), alguns frequentadores reclamavam da dificuldade de fazer exercício sob o sol –que já era forte nas primeiras horas do dia.

“Está muito quente. Antes eu chegava às 7h, mas agora tenho chegado cada vez mais cedo, 5h30”, afirmou o advogado Érico Duarte, 46, que frequenta o parque há 20 anos.

Ele tinha acabado seu treino e fazia alongamentos em uma das estruturas metálicas em frente ao banheiro da pista principal. Além do calor, o excesso de frequentadores também dificulta.

Depois das 7h, diz ele, o parque enche, o que impossibilita os exercícios. “Faz falta também o horário de verão, porque antes ajudava muito não estar tão sol”, diz.

Alguns metros à frente, na pista, vários usuários se refrescavam com água de coco, vendida nos quiosques do parque.

O administrador financeiro Júnior Fuentes, 51, chegou por volta das 6h e, às 7h30, buscava se proteger do sol em uma das poucas sombras no estacionamento em frente às vagas de bicicletas. “Já fiz uma hora de caminhada e estou indo, não dá para mim.”

Mais adiante, um grupo de amigas também comentava sobre o calor excessivo. Não era raro ver os frequentadores fugirem do sol ou tentarem se refrescar com água de coco e isotônicos.

O calor extremo pode fazer mal à saúde, segundo especialistas. Com as altas temperaturas, é preciso tomar cuidado e escolher o melhor horário para se exercitar –evitando, se possível, atividade intensa no período das 10h às 16h.

ISABELLA MENON E ANA BOTTALLO / Folhapress

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