SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) se mobiliza contra a aprovação de um projeto que poderá criar amarras para operações de financiamento a serviços de exportação.
O texto, proposto pelos deputados Mendonça Filho (União-PE) e Daniel Freitas (PL-SC), exigiria aval do Congresso para esse tipo de ação. A matéria tem previsão de ser votada na semana que vem pela Comissão de Constituição e Justiça, primeira etapa da tramitação na Casa.
“Tenho certeza de que o Congresso vai analisar com calma esse projeto e todas as suas implicações. Obviamente o que é proposto vai dificultar o processo de aprovação de operações, pois haverá um trâmite a mais a ser cumprido”, diz o diretor de Desenvolvimento Produtivo do banco, José Luis Gordon.
Além de conversar com deputados, o banco tem sido auxiliado na mobilização contra o projeto por entidades de classe como a Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base) e a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas), que enviaram manifestações à CCJ.
Uma das preocupações é com o fato de que operações financiadas pelo banco teriam de ser esmiuçadas pelo Congresso, inclusive pontos que poderiam afetar estratégias comerciais.
O tema das exportações financiadas pelo BNDES é um dos que mais são utilizados politicamente pela base bolsonarista no Congresso, em razão sobretudo de projetos que envolvem países como Venezuela e Cuba.
Ambas as ditaduras de esquerda têm parcelas atrasadas de financiamentos a serem pagas ao Brasil.
Para Gordon, há muito desconhecimento sobre o papel do banco na promoção de exportações.
“O BNDES não coloca um centavo em nenhum país, mas, sim, apoia empresas brasileiras exportadoras, que trazem divisas, geram emprego. É parte importante do resgate da indústria brasileira. Não podemos ficar fechados apenas no Brasil, temos o mundo inteiro para vender”, disse.
Da carteira do banco, diz ele, apenas 1,3% se refere a financiamentos para exportação. “O governo Bolsonaro praticamente zerou o apoio ao setor industrial para exportar. O governo Lula quer voltar ao que era no passado”, afirmou
Sobre as dívidas de maus pagadores, o banco lembra que há um fundo garantido que não é formado por dinheiro público. “É um fundo contábil, sem recursos do contribuinte”, afirma.
FÁBIO ZANINI / Folhapress